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Venezuela registra inflação de 130.060% em 2018

29 de maio de 2019

Após três anos sem divulgar dados oficiais, Banco Central venezuelano confirma que país atravessa hiperinflação, mas apresenta números bem menores que os estimados pelo FMI. PIB se contraiu quase 50% desde 2013.

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Cédulas da Venezuela
FMI projetou uma inflação de 1.370.000% para 2018 e de 10.000.000% para 2019Foto: Getty Images/AFP/I. Valencia

O Banco Central da Venezuela (BCV) rompeu um silêncio de três anos sobre os dados econômicos do país e informou nesta terça-feira (28/05) que a inflação chegou a 130.060% em 2018.

Os números oficiais confirmam a hiperinflação no país, ainda que estejam bem abaixo das estimativas do Fundo Monetário Internacional (FMI), de 1.370.000% para 2018. Para este ano, o FMI projetou uma inflação de 10.000.000%.

Segundo os primeiros dados econômicos divulgados pelo BCV desde 2016, a inflação atingiu 274,4% naquele ano, e 862,6% em 2017. 

O Produto Interno Bruto (PIB) venezuelano se contraiu em 47,6% entre 2013 e 2018. Em 2017, a redução do PIB foi de 18,6%, e em 2018, de 19,2% até o terceiro trimestre. Somente no último trimestre do ano passado, a contração foi de 22,5%.

O BCV informou que as exportações de petróleo no país – que correspondem a 96% das receitas do país – despencaram para 29,810 bilhões de dólares em 2018. Em 2013, somavam 85,603 bilhões de dólares e, 71,732 bilhões em 2014, quando o preço do petróleo bruto despencou, aprofundando a crise econômica na Venezuela.

Mesmo com a melhora no mercado a partir de 2016, uma queda abrupta na produção petrolífera do país impediu uma retomada maior dos rendimentos. Dados da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) confirmam que a oferta de petróleo venezuelano, que há uma década era de 3,2 milhões de barris por dia, caiu para 1,3 milhão em abril.   

As importações, vitais para o país, caíram de 57,183 bilhões de dólares em 2013 para 14,866 bilhões em 2018, acirrando a escassez de produtos essenciais. Os venezuelanos enfrentam uma grave crise de abastecimento de alimentos básicos e medicamentos, além de gasolina que é, em grande parte, importada.

A grave crise econômica no país, acirrada pela instabilidade política, levou mais de três milhões de venezuelanos a buscarem refúgio em outros países desde 2015, segundo dados da ONU.

O presidente Nicolás Maduro, que teve sua legitimidade no cargo contestada pelo autoproclamado presidente interino Juan Guaidó – apoiado pelos Estados Unidos e reconhecido por diversos outros governos – atribui o mau desempenho econômico da Venezuela às sanções impostas por Washington ao país e sua estatal petrolífera PDVSA.

Alguns analistas, porém, afirmam que a maior parte dos danos à economia já vinha de muito antes da imposição das sanções americanas.

RC/afp/efe

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