Juan Guaidó busca ajuda do Pentágono
12 de maio de 2019O autoproclamado presidente interino da Venezuela, Juan Guaidó, pediu neste sábado (11/05) que seu representante diplomático nos Estados Unidos, Carlos Vecchio, se reúna com o Comando Sul – setor do Departamento de Defesa dos EUA responsável pela América Latina –, para uma possível cooperação para resolver a crise venezuelana.
Guaidó discursou para dezenas de pessoas em uma praça da zona leste de Caracas e reiterou que mantém com governos aliados, liderados pelos Estados Unidos, "todas as opções" sobre a mesa na busca de uma solução para seu país e que inclua, segundo disse, a saída de Nicolás Maduro do poder. O líder oposicionista, que preside a Assembleia Nacional da Venezuela, explicou que com a reunião também pretende "conseguir a pressão necessária" para acabar com a Revolução Bolivariana, no poder desde 1999.
"O tempo todo falei de cooperação [porque] a intervenção na Venezuela já existe", disse ele, ao denunciar a suposta participação de cubanos na Força Armada Nacional Bolivariana (FANB) e a presença da guerrilha colombiana Exército de Libertação Nacional (ELN) no país.
As declarações de Guaidó são feitas 48 horas depois de o chefe do Comando Sul dos Estados Unidos, Craig Faller, publicar uma mensagem no Twitter oferecendo ajuda ao opositor venezuelano.
"Quando Guaidó e o governo legítimo da Venezuela convidarem, vamos falar sobre o nosso apoio aos líderes da FANB para que tomem a decisão certa, que respeitem os venezuelanos primeiro, e seja restaurada a ordem constitucional. Estamos prontos", afirmou o oficial do Pentágono.
O presidente do Parlamento venezuelano, reconhecido como chefe de governo por mais de 50 países, disse na quinta-feira que o seu país já passou da "linha vermelha" para pedir cooperação militar estrangeira, mas destacou que o mecanismo depende dos países que decidam prestar assistência nesse quesito.
Venezuelanos no Brasil
Após a reabertura da fronteira com o Brasil, centenas de cidadãos venezuelanos entraram na cidade de Pacaraima, em Roraima, para comprar remédios e mantimentos ou mesmo para solicitar refúgio, informaram neste sábado fontes oficiais brasileiras. Só na sexta-feira, a Operação Acolhida registrou a entrada de 893 venezuelanos no Brasil.
Desde o início da crise migratória na Venezuela, as Forças Armadas, que comandam a operação, mantêm um posto de recepção e identificação na fronteira, onde os venezuelanos que chegam passam por uma triagem, recebem assistência médica, são vacinados e podem solicitar refúgio ou residência temporária ao governo brasileiro.
A fronteira tinha sido fechada em fevereiro por decisão do presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, visando impedir a passagem da ajuda humanitária enviada por vários governos, entre eles o do Brasil, que reconhecem Guaidó como o presidente do país. A passagem da fronteira foi reaberta na sexta-feira, também por decisão de Maduro, que do mesmo modo restabeleceu a comunicação marítima e aérea com Aruba, mas não com a Colômbia e outros países.
O fechamento da fronteira foi mais um episódio na crise política e humanitária que se instaurou na Venezuela nos últimos anos, motivando milhões de venezuelanos a deixarem o país, fugindo da situação de falta de segurança, de alimentos e de remédios e dos problemas na prestação de serviços públicos. A maioria destes imigrantes buscou refúgio na Colômbia, país que, segundo algumas estimativas, já recebeu mais de 1,2 milhão de venezuelanos.
Mesmo durante o bloqueio, o fluxo de venezuelanos em Pacaraima não chegou a ser interrompido. De acordo com cálculos das autoridades brasileiras, muitos entraram por atalhos. Enquanto o fechamento vigorou, aproximadamente, 370 venezuelanos entraram por dia a pé.
De acordo com a Polícia Federal, desde sexta-feira mais de mil veículos entraram, a maioria trazendo pessoas para fazer compras em Pacaraima. Também foi retomado o fluxo de caminhões com mercadoria que abastecem principalmente a cidade de Santa Elena de Uairén e outros pequenos municípios da região conhecida como Gran Sabana, no sul da Venezuela.
O presidente Jair Bolsonaro, que mantém firme apoio a Guaidó, elogiou a reabertura da fronteira em uma breve declaração dada na sexta-feira aos jornalistas. "É uma medida inteligente da parte dele", disse, em referência a Maduro.
Desde que a entrada de venezuelanos começou a aumentar, há quase dois anos, o Brasil recebeu cerca de 70 mil cidadãos do país vizinho. Eles são atendidos pelo programa Operação Acolhida, que envolve 11 ministérios, possui apoio e engajamento de organizações da sociedade civil e de diversas agências da Organização das Nações Unidas (ONU), e que completou um ano de funcionamento em abril. Além de receber os venezuelanos, essa operação ajuda na incorporação dessas pessoas ao mercado de trabalho e promove a integração delas na sociedade brasileira.
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