Venezuela reabre fronteira com o Brasil
10 de maio de 2019O governo da Venezuela reabriu nesta sexta-feira (10/05) a fronteira com o Brasil, que estava fechada desde fevereiro para impedir a entrada da ajuda humanitária organizada pela oposição no país. As comunicações marítimas e aéreas com a ilha de Aruba também foram restabelecidas.
"Ficam restabelecidas outra vez as fronteiras com Brasil e Aruba", anunciou o vice-presidente para a Área Econômica da Venezuela, Tareck El Aissami, numa entrevista coletiva.
Aissami destacou ainda que as fronteiras do país com a Colômbia e as outras ilhas holandesas (Bonaire e Curaçao) continuam fechadas. O vice afirmou que elas só serão reabertas quando as supostas "posturas de hostilidade, assédio, facilitação a grupos paramilitares para agredir nosso povo" forem cessadas.
A Venezuela mantinha fechadas todas as fronteiras desde o fim de fevereiro, quando o líder opositor Juan Guaidó, que se autoproclamou presidente interino do país, tentou entrar com ajuda humanitária que estava armazenada no Brasil e na Colômbia, e nas ilhas de Curaçao, Aruba e Bonaire.
Para bloquear as fronteiras, o governo de Nicolás Maduro alegou que a entrada dessas doações feitas pelos Estados Unidos e outros países facilitariam uma "invasão" estrangeira. Reconhecido por mais de 50 países, Guaidó tentou entrar com alimentos e medicamentos para minimizar a crise econômica e social que atinge o país, além de buscar pressionar o regime.
Com o bloqueio, as Forças Armadas impediram a entrada dos caminhões no país, causando vários confrontos que deixaram sete mortos. Aissami, que estava ao lado do chanceler Jorge Arreaza, disse que, a ação foi uma "tentativa de violar a soberania nacional".
Aissami afirmou ainda que, depois do ocorrido em fevereiro, o governo Maduro recebeu "o compromisso de respeito, de solidariedade, de trabalho mútuo com as autoridades da ilha de Aruba" e "não com as demais autoridades" dos outros países vizinhos. Ele destacou que está sendo restabelecido um "diálogo sincero" com o Brasil.
O vice-presidente se referiu ao restabelecimento das relações comerciais com o Brasil e disse que o intercâmbio de bens e serviços será retomado com Roraima, "que também depende do serviço elétrico" venezuelano.
Aissami também aproveitou para estender a mão aos países da região para que haja um diálogo sincero. "Não nos metemos nos assuntos de outros países, mas exigimos que deixem o povo venezuelano quieto. Nossos problemas resolveremos nós mesmos, como disse o presidente Maduro", frisou.
O vice-presidente afirmou também que já ordenou ao governador do estado litorâneo de Falcón (noroeste), o chavista Victor Clark, para "iniciar as comissões de trabalho para que se restabeleçam gradualmente todas as vias de comunicação, comércio e intercâmbio com Aruba".
Antes de cessar as comunicações aéreas com a ilha, havia "48 voos semanais" entre Venezuela e Aruba, acrescentou Aissami, que também manifestou a intenção de chegar "novamente a esse número e, inclusive, superá-lo".
Após o anúncio, o presidente Jair Bolsonaro elogiou a decisão. "É uma medida inteligente da parte dele, né. Agora parece que também a energia elétrica vai ser restabelecida. Nos ajuda", destacou.
O fechamento das fronteiras atingiu principalmente os milhares de venezuelanos que cruzam a pé para a Colômbia ou Brasil em busca de alimentos, medicamentos ou refúgio. Muitos passaram a se arriscar usando rotas ilegais.
A Venezuela enfrenta uma disputa pelo poder entre Maduro e Guaidó, que chegou a comandar um fracassado levante militar. O líder opositor tem conseguido, porém, mobilizar milhares de venezuelanos para protestar frequentemente contra o regime.
CN/efe/lusa/ap/afp
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