Venezuela anuncia "normalização" das relações com Alemanha
1 de julho de 2019O governo da Venezuela anunciou nesta segunda-feira (01/07) que iniciou "um processo de normalização das relações diplomáticas" com a Alemanha. Segundo Caracas, Nicolás Maduro ainda decidiu revogar a expulsão do embaixador alemão na Venezuela, Daniel Kriener, que deixou o país em março.
De acordo com o Ministério das Relações Exteriores da Venezuela, a "normalização" foi acertada em uma reunião em Berlim entre o vice-ministro para assuntos europeus da Venezuela, Yvan Gil, e a diretora para América Latina e Caribe do Ministério do Exterior da Alemanha, Marian Schuegraf.
"O governo da Venezuela informa (...) que, após diversos contatos com o governo da República Federal da Alemanha, foi iniciado um processo de normalização das relações diplomáticas entre ambos os Estados. (...) Dessa maneira se avança na restituição dos canais de diálogo diplomático no marco do respeito mútuo e na preeminência do direito internacional", diz um comunicado publicado no Twitter pelo ministro das Relações Exteriores da Venezuela, Jorge Arreaza.
O documento ainda informa que Maduro "decidiu deixar sem efeito o conteúdo do comunicado de 6 de março que declarou o embaixador Daniel Kriener como persona non grata". Segundo os venezuelanos, o governo alemão já concordou com o retorno de Kriener "para a construção de uma agenda de interesse mútuo".
No início de março, o regime de Maduro havia exigido que Kriner deixasse o país em 48 horas. À época, os venezuelanos anunciaram que tomaram a decisão após "recorrentes atos de ingerência em assuntos internos do país".
"A Venezuela considera inaceitável que um diplomata estrangeiro exerça em seu território um papel público mais próprio de um dirigente político, em claro alinhamento com a agenda de conspiração de setores extremistas da oposição", disse o comunicado divulgado em março pelos venezuelanos.
A expulsão ocorreu dois dias depois de o embaixador, junto a outros diplomatas, se deslocar ao Aeroporto Internacional Simón Bolívar, em Caracas, para receber o líder da oposição e autoproclamado presidente interino do país, Juan Guaidó, e apoiá-lo caso houvesse uma tentativa de detê-lo.
À época, Guaidó, que é reconhecido por mais de 50 nações – entre elas a Alemanha – como presidente interino da Venezuela, retornava ao país após uma turnê pela América Latina que incluiu visitas à Colômbia, ao Paraguai, à Argentina e ao Brasil, onde se encontrou com o presidente Jair Bolsonaro. Maduro declarou o embaixador persona non grata e ordenou que ele deixasse a Venezuela em 48 horas.
O governo alemão ainda não confirmou as informações divulgadas pelos venezuelanos sobre a normalização das relações. A última manifestação pública de Berlim sobre a Venezuela ocorreu nesta tarde, e envolveu o militar venezuelano Rafael Acosta Arévalo, que morreu após ser preso pelo regime de Caracas por suposta participação em um complô contra Maduro. Segundo a advogada do militar, ele apresentou sinais de tortura quando compareceu a uma audiência.
Nesta tarde, uma porta-voz do governo alemão disse que Berlim exige que as circunstâncias da morte sejam esclarecidas por meio de uma investigação independente. O governo alemão ainda avaliou que a morte de Acosta é "um obstáculo adicional a uma possível reaproximação ou a um possível processo de diálogo entre as partes em conflito na Venezuela".
JPS/ots
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