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Vale do Ruhr

20 de fevereiro de 2010

Cansada da fama de polo industrial, a região do Vale do Ruhr, no oeste alemão, propaga seu novo título de Capital Cultural 2010 com várias ofertas culturais, entre estas uma odisseia teatral com as epopeias de Homero.

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Antiga mina Zollverein em EssenFoto: DW / Nelioubin

Como Capital Cultural 2010, a região do Vale do Ruhr oferecerá ao público no decorrer deste ano nada menos do que 300 projetos e 2.500 eventos. "Fico feliz desde já, ao pensar no próximo 18 de julho, quando vamos bloquear 60 quilômetros da rodovia entre Duisburg e Dortmund, a fim de montarmos o maior quadro do mundo", antecipa Asli Sevindim, diretora artística do projeto Capital Cultural.

As pessoas que vivem na região, independentemente de origem, religião ou cultura, estão sendo convidadas a se sentar com a equipe de organização do evento para discutir suas ideias.

Balões marcam escavações

Outro grande projeto de grandes dimensões são os chamados "sinais de escavações". Cerca de 400 enormes balões amarelos irão, no mês de maio, marcar as antigas escavações na região do Vale do Ruhr, pairando sobre o chão e dando desta forma a impressão de alfinetes gigantescos.

A Capital Cultural Ruhr é um projeto voltado a pessoas de todas as idades e origens, diz seu diretor, Oliver Scheytt. Além dos eventos de massa, que visam um público amplo, haverá uma série de espetáculos e programas para o "gosto individual", como uma visita às novas instalações do Museu Folkwang e do Museu do Ruhr, em Essen.

Além disso, haverá uma homenagem ao compositor Hans-Werner Henze, com a execução de suas óperas, balés e concertos sinfônicos e de câmara. "O maior ciclo musical dedicado a um compositor vivo", conta Scheytt.

Numa verdadeira odisseia teatral, as epopeias de Homero serão encenadas num projeto especial, em seis partes, a serem apresentadas ao longo de dois dias e uma noite inteira, em diversos palcos das cidades da região.

Vida judaica em fotos

Outro projeto especial é a exposição de fotografias no Museu Judaico da Vestfália, na cidade de Dorsten, que traça um panorama dos imigrantes judeus nos países que pertenceram à ex-União Soviética, e fica aberta ao público até o próximo 30 de maio. A mostra reconstrói a história de diversas gerações de imigrantes através de fotografias e entrevistas.

"Queremos, com o projeto, chamar a atenção para a diversidade de opções, problemas e esperanças dos imigrantes judeus", segundo seus organizadores, já que muitos imigrantes judeus que hoje vivem na Alemanha são oriundos dos países que formavam a União Soviética.

Adeus, clichês!

O Vale do Ruhr quer se livrar, enfim, dos clichês associados à região. Até hoje permanecem no imaginário coletivo as imagens de guetos de trabalhadores numa arquitetura cinza, indústria pesada e muita poluição.

Hoje, no entanto, a região está muito mais cheia de áreas verdes, como provam os 600 quilômetros de ciclovias, distantes das rodovias. Em antigas instalações industriais desativadas foram surgindo diversos centros culturais no decorrer dos últimos anos.

"Se fôssemos contar o número de museus, salas de concertos ou teatros que temos, poderíamos concorrer, em termos de número, com as grandes metrópoles internacionais", elogia Asli Sevindim. Por outro lado, a região do Vale do Ruhr tem uma atmosfera especial e não vive propagando suas peculiaridades.

As pessoas que vivem na região são consideradas simples, ou seja, nem um pouco arrogantes, e realistas. A própria paisagem da região costuma ser subestimada, observa Sevindim. "Onde mais você tem a possibilidade de se sentar à beira da água, ao lado de vacas pastando, com chaminés gigantescas em algum lugar perdido no horizonte e atrás destas o sol que se põe? A paisagem da região é muito peculiar, especialmente romântica à sua maneira. Fico feliz em poder mostrar isso aos outros", completa Sevindim.

Projetos cancelados por causa da crise

A meta de ter a região como Capital Cultural é atrair público e investidores, principalmente aqueles dispostos a permanecer e contribuir de alguma forma para esta região, cuja estrutura se encontra em processo de mudança, com seu alto número de desempregados.

Em função da crise econômica, vários projetos de grandes proporções tiveram que ser cancelados, como, por exemplo, o "Segunda Cidade" (Zweite Stadt), a abertura ao público da mina de carvão de Zollverein, a mil metros de profundidade. Também a grande festa de inauguração do evento, prevista para acontecer no estádio de futebol do time Schalke, teve que ser reduzida e remanejada para a Zollverein.

Autora: Sola Hülsewig (sv)
Revisão: Augusto Valente