UE promete resposta robusta após vazamento em gasodutos
28 de setembro de 2022O chefe da diplomacia da União Europeia, Josep Borrell, afirmou nesta quarta-feira (28/09) que as informações disponíveis até o momento indicam que os vazamentos registrados nos gasodutos Nord Stream no Mar Báltico foram causados por atos de sabotagem.
"Esses incidentes não são coincidência e afetam todos nós", disse Borrell em comunicado. No texto, ele advertiu ainda que "distúrbios deliberados" na infraestrutura europeia serão respondidos com uma reação robusta e conjunta do bloco.
Borrell destacou que a União Europeia está profundamente preocupada com os vazamentos nos gasodutos e disse que o bloco está apoiando qualquer investigação que vise esclarecer totalmente o que aconteceu, além de estar tomando outras medidas para aumentar a resiliência energética.
Desde domingo, autoridades dinamarquesas e suecas detectaram três vazamentos de gás nos dutos do Nord Stream 1 e Nord Stream 2 próximos a uma ilha da Dinamarca. Construídos pela Rússia, os dutos levam gás russo até a Alemanha. Embora nenhum dos dois esteja em operação, os gasodutos são mantidos cheios devido à pressão.
Operados por um consórcio, no qual a gigante russa Gazprom é majoritária, os gasodutos estão no centro das tensões geopolíticas dos últimos meses, que eclodiram com a invasão da Ucrânia pela Rússia. Até o ano passado, Moscou era o principal fornecedor de gás para a Europa, mas desde então vem cortando o envio em possível retaliação às sanções ocidentais aplicadas ao país devido à guerra.
Atos de sabotagem
Com a declaração, Borrell se junta a outros líderes europeus que sugerem que os vazamentos foram sabotagem, como a primeira-ministra da Dinamarca, Mette Frederiksen. Segundo ela, os vazamentos foram "ações deliberadas" cometidas por criminosos desconhecidos.
O ministro da Economia da Alemanha, Robert Habeck, também reforçou as declarações de sabotagem e destacou que os vazamentos não ocorreram devido a eventos naturais ou desgaste de material. Habeck falou ainda em ataques à infraestrutura.
Pouco antes do início dos vazamentos, estações sísmicas na Dinamarca, Noruega e Finlândia registraram explosões perto dos gasodutos. Um instituto sísmico sueco disse que as explosões submarinas teriam sido provavelmente causadas por detonações.
O primeiro-ministro da Polônia, Mateusz Morawiecki, chegou a dizer que os vazamentos seriam "provavelmente o próximo estágio na escala" da guerra na Ucrânia, deixando a entender que a Rússia seria a autora dos supostos ataques.
Kremlin chama acusações de absurdo
Um dia após ter dito que não descartava a hipótese de sabotagem, o Kremlin criticou nesta quarta-feira as acusações e afirmou ser "estúpido e absurdo" suspeitar de um envolvimento russo no incidente. "Já era previsível" que "alguns" colocassem a Rússia em causa, declarou o porta-voz do governo russo, Dmitri Peskov.
O porta-voz ressaltou que os vazamentos são problemáticos para Moscou. Peskov fez um apeleo "a todos" para que reflitam antes de falar e pediu para que se aguardem os resultados das inspeções que vão determinar se os escapes de gás foram provocados por "uma explosão ou não".
"Esta situação exige diálogo e uma interação rápida entre todas as partes para se descobrir o que aconteceu. Até este momento, constatamos a ausência total de diálogo", afirmou.
Danos irreparáveis
Na prática, os vazamentos diminuem a possibilidade de retomada das entregas de gás para a Europa ocidental via Nord Stream 1, que já tinham sido interrompidas em setembro por Moscou, que alega problemas técnicos e diz que não pode consertar as falhas devido às sanções internacionais. A União Europeia, no entanto, rebate essa alegação e acusa a Rússia de usar o gás "como uma arma".
Agências de segurança da Alemanha temem que os danos causados ao Nord Stream possam ser irreparáveis, tornando assim o gasoduto inutilizável, segundo revelou uma reportagem do jornal alemão Tagesspiegel nesta quarta-feira.
Segundo a reportagem, fontes de Berlim disseram que, se os dutos não forem consertados logo, grandes volumes de água salgada entrarão na infraestrutura, causando corrosão.
cn/ek (DW, Lusa, Reuters)