Indecisão continua
11 de março de 2011A União Europeia (UE) afinou seu discurso em relação à crise na Líbia nesta sexta-feira (11/03), durante uma reunião de cúpula extraordinária em Bruxelas. O bloco exige a renúncia imediata do ditador líbio Muammar Kadafi e também reconhece a oposição rebelde como uma interlocutora política legítima, ainda que não a única, como destacou a chanceler federal alemã, Angela Merkel.
Mas os países-membros continuam divididos em relação ao que fazer para que Kadafi deixe o poder. Como afirmou o presidente do Conselho Europeu, Herman van Rompuy, “todas as opções” continuam em aberto.
Um eventual ataque às posições militares pró-Kadafi é motivo de divisão. O presidente francês, Nicolas Sarkozy, enfatizou que seu país e o Reino Unido estão prontos para atacar as forças leais a Kadafi, caso a oposição Líbia, a ONU e a Liga Árabe assim o desejarem. O premiê britânico, David Cameron, disse que a UE tem que estar preparada para qualquer eventualidade para tirar Kadafi do poder.
Já Merkel mostrou-se cética quanto a uma ação militar. "Queremos fazer de tudo para limitar o sofrimento do povo líbio. Porém, eu digo claramente, temos que refletir bem cada passo que vamos dar para que eles nos levem a um final sensato", disse Merkel.
A UE quer ainda a realização de um encontro de emergência com integrantes da Liga Árabe e da União Africana para discutir a crise na Líbia. Tanto a Otan quanto a UE identificam a Liga Árabe como um ator diplomático chave na resolução da crise. A chefe da diplomacia europeia, Catherine Ashton, tem encontro com o secretário-geral da Liga Árabe na próxima segunda-feira.
Rascunho de resolução
"Temos um regime que se vira contra o seu povo quando este luta pela democracia. O problema tem um nome, Kadafi, e ele tem que partir", disse o presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso. Conforme o ministro do Exterior da Hungria, Janos Martonyi, a Liga Árabe realiza reunião neste sábado no Cairo e deve apoiar a criação da zona de exclusão aérea na Líbia.
Os ministros do Exterior do G8 também vão discutir a situação da Líbia na próxima segunda-feira, em Paris. França e Reino Unido têm rascunhada uma resolução para ser apresentada ao Conselho de Segurança da ONU para implementar a zona de exclusão aérea sobre a Líbia. Rússia e China têm reservas sobre essa decisão.
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, quer um enviado especial para fazer contato com os rebeldes líbios. "Nós decidimos que é pertinente ter um representante com a atribuição específica de contatar a oposição e tentar encontrar alternativas de como nós podemos continuar ajudando", disse Obama.
As forças leais ao governo líbio, que controlam o centro de Zawiyah, levaram cerca de 100 jornalistas estrangeiros para testemunhar os confrontos na área principal da cidade do oeste do país. O ponto era dominado anteriormente por forças rebeldes. Por outro lado, os insurgentes mantêm o controle da cidade petrolífera de Ras Lanuf, resistindo a mísseis, bombardeios e a ação de artilharia pesada.
MP/afp/ap/dpa/lusa
Revisão: Alexandre Schossler