UE e EUA pedem pausa dos combates em Gaza
22 de março de 2024Os 27 países da União Europeia (UE) decidiram nesta quinta-feira (21/03) fazer um pedido conjunto por uma pausa humanitária imediata em Gaza que leve a um cessar-fogo sustentável. É a primeira vez que o bloco faz um pedido unificado desse tipo sobre a guerra no Oriente Médio.
A decisão foi tomada numa reunião em Bruxelas do Conselho Europeu, que reúne os chefes de Estado ou de governo dos países da UE, e marca um aumento da pressão do bloco sobre Israel.
O conflito no Oriente Médio vinha dividindo os países da UE, com alguns demonstrando mais apoio a Israel e outros condenando enfaticamente a ofensiva militar do governo de Benjamin Netanyahu. Bélgica, Irlanda e Espanha pedem um cessar-fogo desde o fim de outubro, mas outros países, como Alemanha, República Tcheca e Hungria, inicialmente se manifestaram contra, argumentando que isso comprometeria a capacidade de Israel se defender do Hamas.
O crescente número de mortos e o agravamento do desastre humanitário em Gaza, porém, levou o bloco a buscar união para pressionar por ações mais urgentes.
"Declaração forte e unificada dos líderes da UE sobre o Oriente Médio no #EUCO esta noite! A UE pede uma pausa humanitária imediata que leve a um cessar-fogo sustentável. Acesso humanitário integral e seguro em Gaza é essencial para levar à população civil assistência, para salvar vidas na situação catastrófica em Gaza", escreveu no X Charles Michel, presidente do Conselho Europeu.
Estados Unidos pressionam por cessar-fogo
A decisão do Conselho Europeu foi tomada no mesmo dia em que os Estados Unidos anunciaram que apresentarão na reunião do Conselho de Segurança da ONU desta sexta-feira uma proposta de resolução que determina um "cessar-fogo imediato e sustentável" em Gaza, para proteger a população civil e permitir a chegada de ajuda humanitária para mais de 2 milhões de palestinos.
O anúncio da Casa Branca também significa aumento da pressão sobre Israel. Desde o início da guerra, em 7 de outubro, Washington vinha se opondo a pedidos por cessar-fogo, a chegou a vetar três propostas de resolução nesse sentido no Conselho de Segurança – inclusive uma apresentada pelo Brasil em outubro.
O apoio do governo americano a Israel vem causando danos de popularidade ao presidente Joe Biden entre a sua base de eleitores progressistas. Biden disputará a reeleição em novembro, contra o ex-presidente republicano Donald Trump. Antes de anunciar a proposta de resolução pelo cessar-fogo, a Casa Branca já havia renunciado a seu direito a veto e se absteve em duas resoluções aprovadas pelo Conselho de Segurança que pediram pausas humanitárias e maior envio de ajuda aos palestinos.
Um rascunho da proposta de resolução dos Estados Unidos obtido pela agência de notícias Associated Press "determina o imperativo de um cessar-fogo imediato e sustentável", e não vincula a medida à soltura de reféns mantidos sob poder do Hamas, mas apoia esforços para que todos os reféns sejam soltos.
O Conselho de Segurança tem cinco membros permanentes, com direito a veto: Estados Unidos, Rússia, China, Reino Unido e França. O vice-embaixador da Rússia na ONU, Dmitry Polyansky, afirmou que Moscou apoia o pedido de cessar-fogo imediato, mas questionou qual seria o significado do uso da palavra "imperativo" na proposta de resolução da Casa Branca: "Não estamos satisfeitos com nada que não peça um cessar-fogo imediato."
Os outros dez membros rotativos do Conselho de Segurança também estão elaborando uma proposta de resolução que determina um cessar-fogo imediato para todo o mês do Ramadã, sagrado para os muçulmanos, que começou em 10 de março e vai até 9 de abril, que "leve a um cessar-fogo permanente e sustentável".
O embaixador da França na ONU, Nicolas de Riviere, afirmou que espera que uma decisão sobre tema seja tomada na sexta-feira: "Precisamos de um cessar-fogo agora. Há duas opções: ou o texto dos EUA é aprovado e então prosseguimos para a nova fase da gestão desta crise, ou o texto não é aprovado e a proposta dos membros rotativos será colocada na mesa e submetida a voto. E espero que seja aprovada."
Em 7 de outubro, o Hamas promoveu um ataque terrorista contra Israel, que matando 1.200 e sequestrando outros 253. Em reação, Israel iniciou uma ofensiva militar contra a Faixa de Gaza que já matou cerca de 32 mil palestinos, segundo autoridades de saúde de Gaza.
bl/av (AP, Reuters)