Scholz diz se opor a cessar-fogo imediato em Gaza
12 de novembro de 2023O chanceler federal da Alemanha, Olaf Scholz, disse neste domingo (12/11) que se opõe a um cessar-fogo "imediato" na Faixa de Gaza, alvo de intensos combates entre forças israelenses e membros do grupo Hamas, considerado terrorista por diversos países do Ocidente, como Estados Unidos e União Europeia (UE).
"Não acho que os pedidos de um cessar-fogo imediato ou de uma longa pausa – que equivaleriam à mesma coisa – sejam corretos", disse Scholz em um debate organizado pelo jornal regional alemão Heilbronner Stimme.
Após a ofensiva terrorista sem precedentes do grupo fundamentalista contra Israel em 7 de outubro, Israel respondeu bombardeado intensamente o enclave palestino densamente povoado, além de lançar uma invasão terrestre para destruir o Hamas, que detém o controle de Gaza desde 2007. O cerco israelense ao território e contraofensiva militar têm provocado um impacto pesado na população local, com relatos de hospitais à beira do colapso e fuga em massa de civis.
No entanto, Scholz avalia que uma eventual interrupção imediata das operações israelenses acabaria dando a oportunidade para os terroristas do Hamas se reorganizarem. "Isso significaria, em última análise, que Israel deixaria ao Hamas a possibilidade de se recuperar e obter novos foguetes", disse Scholz. Para o chanceler federal, "pausas humanitárias" são mais apropriadas no momento. Na última quinta-feira, forças israelenses afirmaram que começariam a fazer "pausas táticas, localizadas" de algumas horas por dia no norte da Faixa de Gaza para permitir a entrada de ajuda humanitária na região.
Posição alemã
A posição de Scholz contrasta com outros líderes europeus, como Emmanuel Macron, da França, que vem defendendo um cessar-fogo em Gaza.
O governo alemão tem expressado repetidamente repúdio aos ataques do grupo Hamas e manifestado solidariedade a Israel desde 7 de outubro. O chanceler federal já afirmou anteriormente que Israel tem o direito "de proteger seus cidadãos e perseguir os agressores". Logo após a ofensiva do Hamas, Scholz também afirmou ao primeiro-ministro Benjamin Netanyahu que a Alemanha está "firme e inabalavelmente ao lado de Israel". "A segurança de Israel é de interesse nacional da Alemanha. Isso é especialmente verdadeiro em momentos difíceis como este. E nós agiremos de acordo", disse Scholz na ocasião.
Em relação aos palestinos, Berlim tem preferido apoiar "pausas humanitárias" nos bombardeios contra Gaza, além de anunciar um aumento no envio de ajuda humanitária para os territórios palestinos. O país também se absteve em uma votação da ONU que pedia um cessar-fogo completo na região.
Autoridades alemãs ainda proibiram ou criticaram protestos ligados ao conflito no país, mencionando receios de segurança e discurso de ódio antissemita. O estopim para a proibição foi um ato organizado numa rua em Berlim em 7 de outubro no qual militantes ligados a um grupo palestino distribuíram doces para celebrar os ataques do Hamas.
Uma pesquisa de opinião divulgada neste domingo revelou que menos da metade dos alemães considera equilibrada a postura do governo da Alemanha diante do atual conflito entre Israel e o grupo Hamas.
Segundo o levantamento do instituto de pesquisa YouGov, encomendado pela agência de notícias alemã DPA, apenas 39% da população enxerga equilíbrio na posição de Berlim.
Em contrapartida, 32% dos entrevistados disseram que o governo alemão tem se portado demasiadamente a favor do Estado de Israel, enquanto 7% acreditam que Berlim tem defendido demais os palestinos.
jps/rk (dpa, ots)