Crise na Grécia
4 de fevereiro de 2010
A Grécia vive seu pior momento financeiro desde que entrou para a União Europeia. O país fechou 2009 com um déficit orçamentário de 12,7% do Produto Interno Bruto (PIB) – muito superior aos 3,5% previstos anteriormente.
Para combater a crise na Grécia, a Comissão Europeia anunciou nesta quarta-feira (03/02) que o país estava sua supervisão. A Comissão estipulou que o orçamento grego deverá estar sob controle até 2012. O plano de austeridade inclui elevação da idade de aposentadoria, congelamento de salários e de novas contratações no setor público, aumento dos impostos sobre o cigarro e álcool.
O plano de ajuste fiscal do governo da Grécia para controlar o maior déficit público da União Europeia (UE) não foi bem recebido no país. Nesta quinta-feira (04/02), o maior sindicato grego anunciou preparar uma greve nacional. O GSEE, principal sindicato do setor privado, representa aproximadamente 2 milhões de trabalhadores.
Os funcionários públicos também reagiram ao anúncio da administração federal grega: a categoria planeja para 10 de fevereiro uma greve geral. O governo apelou à nação para que aceite as medidas e alertou que o país não tem capacidade para suportar paralisações dessa proporção.
"Infelizmente, a Grécia hoje está sob observação, sob supervisão. Nós chegamos num ponto que perdemos parte significativa da nossa soberania. Mas nós também fomos vítimas do mercado internacional. E a condição para que saiamos desse estado de observação é colocar o país em ordem", afirmou o primeiro-ministro grego, George Papandreou, no Parlamento em Atenas na última segunda-feira (01/02).
Intervenção da UE
Wolf Klinz, presidente da Comissão Especial para a Crise Financeira e Econômica da União Europeia, justificou o desejo de muitos parlamentares europeus de mandar um enviado especial para Atenas: "Para encarar o endividamento dramático da Grécia, que pode trazer um perigo maior para o euro, sou a favor de que a UE envie um alto encarregado para Atenas."
Tal encarregado deve orientar o governo federal grego e propor medidas concretas de economia de gastos e, ao mesmo tempo, servir como "bode expiatório" para algumas decisões impopulares, acrescentou Klinz.
Apesar de o plano para conter a crise grega já ter sido anunciado, a Comissão alertou que o governo terá que fazer mais sacrifícios para colocar as finanças em dia, além de ter que reformar o sistema fiscal.
Acompanhamento de perto
Em meados de março, a Grécia terá que fazer o primeiro relato à UE. Dois meses depois, o país terá que se reportar novamente e, em seguida, um novo relatório será exigido a cada três meses.
Após 11 anos de dados manipulados, a confiança da UE nos ministérios e autoridades da Grécia está abalada. Está é a primeira vez que Bruxelas supervisiona de tal forma a situação em um país-membro do bloco. "Mas é necessário", afirmou o Comissário da UE para a Economia, Joaquín Almunia.
NP/dw/apf/dpa
Revisão: Carlos Albuquerque