Trump sugere que congressistas "extremistas" deixem os EUA
18 de julho de 2019O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, elevou o tom de suas críticas a quatro congressistas liberais do Partido Democrata, menosprezando a repercussão negativa da série de comentários considerados racistas feitos por ele nos últimos dias.
No último domingo, Trump disse através do Twitter que as congressistas teriam vindo de lugares onde os governos seriam "os piores, os mais corruptos e ineptos em qualquer parte do mundo" e que elas deveriam voltar a esses países.
Ele se referia a um grupo de democratas que estreou na Câmara dos Representantes na atual legislatura. O grupo, apelidado de "o esquadrão", é formado por Alexandria Ocasio-Cortez, eleita por Nova York, Ilhan Omar, de Minnesota, Rashida Tlaib, do Michigan, e Ayanna Pressley, de Massachusetts.
Nesta quarta-feira, (17/07) o presidente, em evento de campanha na Carolina do Norte, criticou as congressistas uma a uma e as qualificou de extremistas, renovando a sugestão para que elas deixem o país, enquanto a plateia apoiava e aplaudia suas declarações.
"Essas congressistas, seus comentários estão ajudando a alimentar a ascensão de uma perigosa esquerda militante", disse o republicano. "Tenho uma sugestão para as extremistas cheias de ódio que constantemente tentam dividir nosso país. Elas nunca têm nada de bom para dizer [...] Sabe o quê? Se não amam [o país], diga a elas para deixá-lo."
O presidente discorreu sobre uma série de comentários feitos pelas quatro mulheres que ele considera ofensivos, como o fato de Tlaib ter se referido a ele com um palavrão. Mas, as maiores críticas foram reservadas a Omar, que chegou aos EUA da Somália como refugiada ainda quando criança.
A congressista foi alvo de uma série de reclamações por parte de Trump, culminando na falsa acusação de que ela teria expressado admiração pelo grupo terrorista Al Qaeda. Foi o bastante para que a plateia iniciasse um coro com as palavras send her back ("enviem-na de volta" ao seu país de origem).
O cântico se assemelha à frase lock her up ("prendam-na") entoada nos comícios de campanha de Trump na campanha para as eleições de 2016, que pedia a prisão de sua adversária, a candidata democrata Hillary Clinton.
Em meio à polêmica causada pelas declarações, Trump afirmou a jornalistas nesta quinta-feira que discorda dos apoiadores que entoaram os cânticos contra Omar. "Não gostei de ouvir esses cantos. Não estou de acordo", disse.
Questionado sobre porque não interrompeu os cânticos, Trump alegou que tentou. "Eu acho que fiz, porque comecei a falar logo em seguida". Os vídeos do ato, porém, mostram que o presidente permitiu que seus seguidores entoassem a frase diversas vezes durante 13 segundos, tempo em que Trump não demonstrou incômodo, antes de seguir com seu discurso como o planejado.
As quatro congressistas retratam Trump como alguém que tem o objetivo de vilificar não apenas os migrantes, mas também as pessoas de cor.
Pré-candidatos democratas, que disputam a indicação do partido para concorrer à presidência, saíram em defesa das congressistas.
"Esses membros do Congresso – filhas de imigrantes, assim como muitos de nós – são um exemplo exato do que faz a América grande", disse o ex-vice-presidente Joe Biden, o favorito à nomeação do partido.
O também pré-candidato Beto O'Rourke disse que as frases entoadas pela plateia durante o discurso de Trump seriam "produto de um presidente que vê nossa diversidade não como um ponto forte, mas como uma fraqueza".
O senador Bernie Sanders, acusou Trump de "insuflar as correntes mais desprezíveis e perturbadoras de nossa sociedade". A também senadora Kamala Harris disse que o comportamento do presidente foi "vil, covarde e racista". Elizabeth Warren pediu o impeachment de Trump.
Nesta terça-feira, deputados da Câmara dos EUA aprovaram uma moção de repúdio a Trump por causa da série de comentários racistas que o presidente fez pelo Twitter.
RC/ap/rtr
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