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Câmara dos EUA aprova moção de repúdio a Trump

17 de julho de 2019

Presidente lançou ataques pelo Twitter contra grupo de deputadas democratas de origem africana, árabe e latina. Quatro deputados republicanos apoiaram texto que condenou atitude. 

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USA Spannungen mit dem Iran | Trump
Quatro republicanos se juntaram aos 235 deputados democratas da Câmara para aprovar a moçãoFoto: Reuters/J. Ernst

Deputados da Câmara dos Estados Unidos aprovaram nesta terça-feira (16/07) uma moção de repúdio a Donald Trump por causa de uma série de comentários racistas que o presidente fez no domingo pelo Twitter contra um grupo de congressistas democratas.

"A Câmara de Representantes condena energicamente os comentários racistas do presidente Donald Trump, que tem legitimado e incrementado o medo e o ódio contra novos americanos e contra as pessoas de cor", diz o texto.

Quatro republicanos se juntaram aos 235 deputados democratas da Câmara para aprovar a moção. Um independente também votou a favor.

A aprovação da condenação era esperada, já que os democratas têm a maioria na Câmara. O voto tem apenas valor simbólico. É improvável que uma medida similar venha a ser aprovada no Senado, onde os republicanos detêm a maioria.

Mais cedo, Trump afirmara que não considera que seus tuítes feitos no domingo tenham sido racistas . "Esses tuítes NÃO foram racistas. Eu não tenho um só osso racista no meu corpo!", escreveu. O presidente também criticou a iniciativa democrata de propor a moção de repúdio.

​"O que eles chamaram de votação é uma farsa. Os republicanos não devem mostrar 'fraqueza' ou cair em sua armadilha", escreveu.

O alvo de Trump no último domingo havia sido um grupo de quatro democratas, cujas origens remetem a nações cujos governos, segundo afirmou, seriam "os piores, os mais corruptos e ineptos em qualquer parte do mundo". Ele ainda disse que elas deveriam voltar a esses países.

"Por que elas não voltam e ajudam a consertar esses lugares totalmente quebrados e infestados de crime de onde vieram? Depois, retornem e nos digam como deve ser feito. Esses lugares precisam muito da ajuda de vocês", escreveu Trump. Ele ainda acrescentou que a líder democrata na Câmara dos Representantes, Nancy Pelosi, "ficaria contente em providenciar rapidamente viagens gratuitas" para as congressistas.

Trump se referiu a "congressistas democratas progressistas", em aparente referência a um grupo bastante ativo de congressistas jovens estreantes na atual legislatura da Câmara dos Representantes. Entre elas estão Alexandria Ocasio-Cortez, eleita por Nova York, Ilhan Omar, de Minnesota, Rashida Tlaib, do Michigan, e Ayanna Pressley, de Massachusetts.

O presidente não identificou as congressistas pelo nome, mas outro tuíte de sua autoria, afirmando que as congressistas "odeiam Israel com uma paixão sem limites", parecem fazer referência a Omar e Tlaib, que recentemente se envolveram em algumas controvérsias relacionadas ao tradicional aliado dos EUA.

Tlaib, nascida em Detroit, é descendente de palestinos. Já Omar chegou aos EUA como refugiada ainda quando criança, após sua família fugir de conflitos na Somália. Ela é a primeira mulher negra muçulmana a se eleger para o Congresso americano. Ocasio-Cortez, nascida em Nova York, é descendente de porto-riquenhos, e Pressley, de Cincinnati, é a primeira afro-americana a ser eleita por Massachusetts.

Apesar das críticas, Trump redobrou seu ataque às congressistas nesta segunda-feira, acusando-as de "odiar" os Estados Unidos. "Se vocês não estão felizes, se vocês estão reclamando o tempo todo, vocês podem ir embora", disse ele em uma coletiva de imprensa fora da Casa Branca.

Questionado por um repórter se ele estava preocupado com o fato de seus tuítes terem sido acusados de racistas, Trump respondeu que não. "Isso não me preocupa porque muitas pessoas concordam comigo", afirmou.

O ataque de Trump pode ter sido uma estratégia para dividir os democratas, que debatem internamente sobre de que forma a oposição deve atuar e se o partido deve ou não iniciar procedimentos de impeachment contra o presidente. Mas os insultos presidenciais parecem ter gerado o efeito contrário.

Através do Twitter, as congressistas rebateram as declarações de Trump. "Você incita ao nacionalismo branco porque se irrita com o fato de que pessoas como nós sirvam ao Congresso e lutem contra sua agenda repleta de ódio", declarou Omar.

"É assim que o racismo se apresenta. Nós somos como a democracia se apresenta", disse Pressley. Já Ocasio-Cortez declarou que Trump tem raiva porque "não consegue conceber uma América que nos inclua".

Ocasio-Cortez e Pelosi vinham se envolvendo em uma disputa feroz dentro do partido, mas, após os tuítes de Trump, a líder democrata saiu em defesa da jovem congressista e disse que Trump quer "tornar a América branca novamente", fazendo uma alusão ao slogan de campanha do republicano que diz querer tornar os EUA grandes novamente.

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