Trump recua de ameaça de destruir bens culturais no Irã
8 de janeiro de 2020O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse nesta terça-feira (07/01) a que pretende obedecer à lei internacional e que não vai alvejar locais culturais em eventuais ações militares contra o Irã, recuando de uma ameaça que havia feito no fim de semana.
"Se é isso é o que diz a lei... Eu gosto de obedecer à lei. Mas pense nisso. Eles matam nosso povo. Eles explodem nosso povo e nós temos que ser muito gentis com suas instituições culturais. Mas estou OK com isso", disse Trump a jornalistas.
Trump havia escrito no Twitter no último sábado que os Estados Unidos poderiam lançar ataques contra 52 alvos no Irã, incluindo locais "muito importantes para a cultura iraniana", caso o regime de Teerã tomasse alguma ação contra os EUA como parte de uma vingança pela morte do general Qassim Soleimani.
O ataque deliberado contra locais de importância cultural é considerado um crime de guerra pela lei internacional. A publicação de Trump provocou uma série de críticas no exterior e nos EUA. O regime de Teerã chegou a comparar os americanos ao grupo terrorista Estado Islâmico, que se notabilizou pela destruição de sítios arqueológicos e obras de arte durante sua campanha para impor um califado na Síria e no Iraque.
Na segunda-feira, o secretário de Defesa dos EUA, Mark Esper, já havia tentado minimizar a ameaça de Trump, reconhecendo que um ataque contra alvos culturais seria um crime de guerra. "Essas são as leis do conflito armado", afirmou o chefe do Pentágono para os jornalistas.
Apesar de recuar de parte da sua ameaça, Trump reiterou que os EUA "estão preparados para agir, se necessário", e para sujeitar o Irã a "sérias consequências" se os líderes do país "fizerem algo que não deveriam".
O presidente americano ainda destacou que a morte do general iraniano "salvou muitas vidas" e que a Casa Branca apresentará na quarta-feira um relatório sobre os ataques que o comandante da Força Quds - unidade especial da Guarda Revolucionária iraniana - supostamente estaria planejando quando foi morto.
Esper também concedeu no Pentágono uma entrevista nesta terça-feira para afirmar que Soleimani estava preparando um ataque em questão de "dias" e que há "excelentes dados de inteligência" confidenciais que podem provar isso.
Esper também ofereceu ao Irã a possibilidade de conversas "sem condições prévias" para aliviar as tensões que se intensificaram após a operação em Bagdá que matou Soleimani.
"Há uma saída enorme com a qual Teerã lida neste momento e que é baixar as tensões, nos enviar a mensagem de que querem se sentar e conversar sem condições prévias, claro, com os EUA, para encontrar um caminho melhor", disse.
Esse caminho, segundo o secretário de Estado, exigiria que o Irã se "comporte mais como um país normal, presumivelmente os libertaria das sanções econômicas, e permitiria ao povo iraniano levar a vida que quiser viver, com liberdade, prosperidade e as coisas que a maioria dos seres humanos quer", acrescentou.
Retirada de tropas
Ainda nesta terca-feira, Trump, negou que esteja planejando retirar imediatamente as tropas americanas do Iraque.
"Em algum momento vamos querer sair (do Iraque), mas este não é o momento adequado", disse Trump a jornalistas ao receber na Casa Branca o primeiro-ministro da Grécia, Kyriakos Mitsotakis.
"Seria a pior coisa que poderia acontecer com o Iraque. O Irã teria uma presença muito maior, e o povo iraquiano não quer isso", acrescentou, além de destacar que, quando por fim retirarem as tropas, os EUA gostariam de ser "reembolsados" pelo investimento no país.
Trump tentou assim dissipar a confusão criada ontem pela divulgação de uma carta na qual o general William H. Seely 3º, comandante do chamado Grupo de Trabalho no Iraque, anunciou ao Ministério da Defesa iraquiano um deslocamento de tropas no país.
JPS/efe/afp/ots
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