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Tribunal em Mannheim avalia provas de tortura no Iraque

(rr)23 de agosto de 2004

Começa o interrogatório de quatro dos sete militares americanos acusados de torturar prisioneiros iraquianos. A audiência, que decidirá sobre abertura de processo, foi transferida para a Alemanha a pedido da defesa.

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A prisão de Abu Ghraib, a 30 km de BagdáFoto: AP

Um tribunal de guerra dos Estados Unidos na cidade alemã de Mannheim avaliará nesta segunda e terça-feira (23 e 24/08)se existem provas suficientes para se abrir um processo contra quatro dos sete soldados norte-americanos acusados de torturar prisioneiros iraquianos na prisão de Abu Ghraib.

O interrogatório, que teve início na manhã desta segunda-feira sob forte esquema de segurança, foi transferido de Bagdá para a cidade alemã a pedido da defesa, que esperava assim facilitar a participação de testemunhas e familiares.

Principal acusado nega acusações

Principal acusado é o cabo Charles Graner, que em fotos posa triunfante sobre uma pirâmide de prisioneiros nus. Sobre ele também recaem acusações de ter pulado sobre as mãos e pés descalços de detidos indefesos e de ter socado outro tão brutalmente nas têmporas até que este caísse inconsciente.

Misshandlung von Gefangene in Irak mit Galeriebild
Charles Graner é o principal acusadoFoto: AP/Courtesy of The New Yorker

Graner pode ser condenado a até 24 anos e meio de prisão, mas seu advogado de defesa, Guy Womack, espera conseguir sua absolvição. "Meu mandante nega todas as acusações. Ele apenas seguiu ordens. De acordo com o direito americano e internacional, ele se comportou corretamente."

Womack argumenta que os quatro acusados pertencem a uma unidade de reserva das Forças Armadas americanas e apenas seguiram instruções de superiores. "Os soldados tinham ordens de submeter os prisioneiros iraquianos e fazer com que falassem", argumenta. "Eles estavam nus para que pudessem ser examinados. Os capuzes são para evitar que estudassem formas de escapar e para que não soubessem quantas sentinelas estavam presentes."

Logo no começo da audiência, Womack solicitou que diversas provas não fossem reconhecidas, entre elas um computador confiscado. Outro argumento da defesa é o de que o governo americano já condenou publicamente os acusados e isso poderia influenciar a decisão da Justiça.

Defesa quer julgamento fora do Iraque

Entretanto, o que está em jogo em Mannheim não é a inocência ou culpa dos acusados: a questão é se há ou não provas suficientes para a abertura de um processo e, caso haja, onde o julgamento deverá ocorrer. "É extremamente difícil viajar para o Iraque. Por isso pedimos ao juiz que transfira o processo para a Alemanha ou para os Estados Unidos", disse Womack.

Mais de 200 jornalistas de todo o mundo registraram-se para participar do evento. Muitos deles, no entanto, terão que esperar do lado de fora: apenas 11 jornalistas poderão entrar na sala de audiência. Outros 50 repórteres assistirão à transmissão de vídeo em uma sala adjacente.

Irak: Gerichtsprozess, Folter im Abu Ghraib Gefängnis, Jeremy C. Sivits
Retrato desenhado de Jeremy Sivits, condenado a um ano de prisãoFoto: AP
Ao todo, sete soldados foram acusados do escândalo de tortura em Abu Ghraib. A esposa de Charles Graner, Lynndie England, será julgada nos EUA. O policial militar Jeremy Sivits declarou-se culpado e foi condenado a um ano de prisão. O interrogatório da soldada Sabrina Harman também já foi encerrado: ela será julgada por dez acusações.