Migração
24 de novembro de 2006A oferta controlada de trabalho temporário e o combate ao tráfico humano para conter a migração foram as duas principais decisões tomadas numa conferência em Trípoli, na quinta-feira (23/11), por representantes de 50 países da União Européia e da África.
A migração controlada trará vantagens a todos os lados, destaca o documento de encerramento da conferência. "É do interesse de todos os países que a migração ocorra de forma controlada e justa", disse o ministro finlandês do Interior, Kari Rajamäki. Seu país ocupa atualmente a presidência rotativa da União Européia.
O comissário de Desenvolvimento da União Européia (UE), Louis Michel, sugeriu a criação de um fundo de 40 milhões de euros para financiar a criação de órgãos de controle da onda de migrantes da África para a Europa. Esforços neste sentido devem ser iniciados no próximo ano, disse Michel em Trípoli.
Michel sugeriu a criação de uma rede de "escritórios de migração" em toda a África, para tentar coordenar o fluxo de mão-de-obra africana de acordo com a demanda na Europa. O comissário apelou para que a migração não seja mal-interpretada: "Não se trata de algo perverso nem criminoso. Devemos tratá-la como algo completamente normal", completou o comissário de Desenvolvimento da UE. Segundo ele, é preciso deixar de ver a migração pelos aspectos da repressão e da segurança.
Críticas de Kadafi
O tema é controverso na União Européia. Alguns governos sentem-se pressionados a acirrar ainda mais as leis de migração para deter o fluxo ilegal de refugiados. A Líbia, onde se realizou a conferência, é para muitos o trampolim para a Europa. Eles atravessam o Mar Mediterrâneo em direção, por exemplo, à Itália.
O presidente líbio, Muammar Kadafi, que falou durante mais de uma hora no encerramento da conferência, assinalou que considera "inevitável a migração de africanos à Europa", pois ela é um "fato natural que os governos têm de aceitar se quiserem solucionar a onda migratória dos que procuram trabalho".
Por outro lado, ele criticou que migrantes reconhecidos na Europa como refugiados políticos "são, na realidade, cães sarnentos que gozam a vida em países como a Suíça". A proteção aos direitos humanos, argumentada pelos europeus para a concessão de asilo, foi rebatida por Kadafi com o argumento: "Nós também defendemos os direitos humanos".