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PolíticaItália

Tensão com populistas ameaça derrubar governo da Itália

14 de julho de 2022

Ameaça do Movimento Cinco Estrelas, membro da coalizão governista, de se abster de moção de confiança pode provocar a queda do governo de unidade liderado por Mario Draghi.

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Primeiro-ministro italiano Mario Draghi
Economista de prestígio e ex-presidente do BCE, Mario Draghi foi convidado em 2021 para liderar uma coalizão heterogêneaFoto: Jean-Francois Badias/AP Photo/picture alliance

As tensões políticas na Itália ameaçam derrubar o governo de unidade liderado pelo premiê Mario Draghi nesta quinta-feira (14/07) após a decisão do populista Movimento Cinco Estrelas (M5S), membro da coalizão, de se abster na votação da moção de confiança do Senado.

Giuseppe Conte, ex-chefe de governo e atual líder do M5S, anunciou na noite de quarta-feira que os senadores de seu partido não comparecerão ao voto de confiança, que está vinculado à aprovação de um pacote de medidas para ajudar os italianos a enfrentarem a crise econômica.

Tais moções de confiança em projetos de lei governamentais visam garantir a coesão dos partidos aliados. O posicionamento do M5S produziria uma crise na coalizão de governo, que perde assim a maioria para governar.

Conte vinha reclamando há semanas das prioridades do governo, exigindo um alívio financeiro mais generoso para famílias e empresas atingidas pelos altos custos de energia, e o financiamento de um salário mensal garantido para quem não consegue encontrar trabalho.

Draghi tentou responder, mas deixou claro esta semana que não agiria sob ultimatos. Por outro lado, o primeiro-ministro antecipou em várias ocasiões que sem o apoio do M5S o seu mandato terminará, apesar de os populistas, vencedores das eleições de 2018 com 32% dos votos, estarem em momento de plena desordem e muitos de seus parlamentares terem migrado para outras formações.

Ameaça de eleições antecipadas

Uma queda do governo provocaria eleições antecipadas, e os próximos meses vão ser complicados devido ao aumento da inflação e às reformas pendentes exigidas pelo pacote de recuperação pós-pandemia financiado pela União Europeia, com cerca de 200 bilhões de euros.

A antecipação do pleito para o segundo semestre seria altamente incomum na Itália por ser esse o período em que o governo tradicionalmente elabora seu orçamento, que deve ser aprovado até o fim do ano.

Draghi, economista de prestígio e ex-presidente do Banco Central Europeu, foi convidado em fevereiro de 2021 pelo presidente italiano, Sergio Mattarella, para liderar uma coalizão heterogênea que reúne quase todos os partidos representados no Parlamento. A única exceção é o partido de extrema-direita Irmãos da Itália (FdI), que permaneceu na oposição e é amplo favorito nas pesquisas.

Sistema parlamentar complexo

É provável que Draghi – que teve que enfrentar a pandemia de covid-19 e a crise gerada pela guerra russa contra a Ucrânia com todas as suas consequências políticas e econômicas – tenha que denunciar a grave situação ao presidente Mattarella e acabar entregando sua renúncia.

Como o sistema parlamentar que governa a Itália é complexo, não está excluído que ele obtenha um novo mandato e possa governar com outra maioria.

O presidente Mattarella poderia tentar persuadir Draghi a permanecer e convocar um novo voto formal de confiança nos próximos dias. O chefe de Estado também pode tentar nomear um novo líder interino para conduzir a Itália às eleições de 2023.

md/av (AFP, AP, Reuters)