Crise
14 de maio de 2009Diversas atividades planejadas por sindicatos de todo o continente europeu acontecem entre esta quinta-feira (14/05) até o próximo sábado (16/05). Na última quarta-feira (13/05), milhares de pessoas já haviam protestado em Viena contra a morosidade das negociações salariais por parte dos empresários.
Devido à crise econômica e financeira, várias empresas austríacas anunciaram reduções de salários para seus funcionários. Segundo informações dos sindicatos que organizaram a manifestação em Viena, cerca de 25 mil pessoas participaram dos protestos.
Nesta quinta-feira, uma greve do serviço público na Grécia paralisou escolas, hospitais e o trânsito aéreo do país. Com a greve de 24 horas, os sindicatos dos prestadores de serviço querem apoiar os trabalhadores do país em suas exigências de aumento salarial e de adicionais para o seguro de saúde.
Engajamento dos sindicatos europeus
Na Alemanha, nesta sexta-feira (15/05), creches e jardins-de-infância permanecem fechados. Além disso, o sindicato alemão do setor de serviços (Verdi) e o Sindicato da Educação e Ciência (GEW) aprovaram com grande maioria a paralisação das atividades por tempo indeterminado em creches e jardins-de-infância municipais.
Segundo o Departamento Federal de Estatísticas da Alemanha, existem no país por volta de 50 mil creches e jardins-de-infância. Desses, somente cerca de 17 mil pertencem às prefeituras, informou o departamento.
Com a greve, os sindicatos Verdi e GEW pedem melhores condições trabalhistas em termos de proteção à saúde para os 220 mil educadores e assistentes sociais subordinados às administrações municipais na Alemanha.
Responsáveis da política e da economia
Em tempos de crise financeira e econômica, os sindicatos estão novamente em alta. No centro das manifestações por eles organizada nesta semana, paira a pergunta: Os trabalhadores europeus estão sendo lembrados de forma suficiente por parte dos responsáveis pelas decisões políticas e econômicas na Europa?
Segundo as palavras do presidente da Comissão Europeia, José Manuel Barroso, proferidas durante a "cúpula do emprego", realizada na última semana em Praga, os trabalhadores europeus estão em boas mãos: "Dizemos aos nossos cidadãos que gerar emprego é o objetivo primordial da Europa. Não pode haver recuperação econômica sobre o alicerce de um colapso social", concluiu Barroso.
Em Praga, o presidente da associação patronal europeia, Ernest-Antoine Seillière, também demonstrou solidariedade para com os sindicatos. "Os parceiros sociais estão se esforçando bastante para manter o diálogo vivo durante a crise", explicou o empresário francês.
Trabalhadores temporários são os mais afetados
No entanto, atrás das belas palavras esconde-se um conflito concreto de interesses, afirma Reiner Hoffmann, vice-secretário-geral da Confederação dos Sindicatos Europeus (EGB). Como exemplo, ele cita a fórmula conhecida como "flexicurity" ("flexicuridade"), cunhada pela Comissão Europeia a partir das palavras inglesas "flexibility" (flexibilidade) e "security" (segurança).
O novo conceito prega a flexibilidade do trabalhador, que em compensação recebe a segurança de emprego. Hoffmann afirma que, a princípio, os sindicatos não se posicionam contra a fórmula da Comissão Europeia.
O único problema é, segundo ele, que nos últimos anos a flexibilidade das empresas aumentou consideravelmente, através da desregulamentação consciente dos mercados de trabalho e, em parte, através do afrouxamento da proteção trabalhista contra demissões.
Ou seja, a segurança no emprego diminuiu consideravelmente, acresce o sindicalista: "Temos um exército de pessoas com contratos de trabalho temporários, trabalhadores terceirizados, que justamente na crise são os primeiros a serem atingidos", explica Hoffmann.
"Renascimento da economia social de mercado?"
Na França e em outros países, aconteceram recentemente ataques contra presidentes de empresas. Trabalhadores revoltados tomaram empresários como reféns ou demoliram seus automóveis. Paira aqui uma ameaça de radicalização? Reiner Hoffmann acredita que não. E ele também não coloca o sistema em questão. "Eu duvidaria, a princípio, que haja algo além do capitalismo".
Ao se perguntar se há sinais de um renascimento da economia social de mercado, o próprio sindicalista responde: "Precisamos de novas regras do jogo que, finalmente, fortaleçam novamente o aspecto social na economia de mercado e não priorizem o lucro rápido".
CA/dpa/afp/ap/dw
Revisão: Soraia Vilela