Retração econômica
22 de abril de 2009A Alemanha deverá registrar em 2009 o maior esfriamento de sua economia desde os anos 30, segundo prognósticos do Fundo Monetário Internacional (FMI) e dos principais institutos econômicos do país.
O FMI prevê uma queda de 5,6% da economia alemã, abalada principalmente devido à dependência das exportações e ao fraco mercado interno. Com isso, a Alemanha é um dos países da zona do euro mais afetados pela crise, ficando atrás apenas da Irlanda, para quem o FMI prevê uma queda de 8%.
Segundo o fundo, a economia mundial deverá encolher 1,3% neste ano, de longe a maior queda desde a Segunda Guerra Mundial, mas voltará a crescer 1,9% em 2010. Já a Alemanha ainda deverá contar com um recuo de 1% no próximo ano.
O FMI aconselha o país a dar novos passos para conter a crise. "A Alemanha tem as condições para isso e deveria pensar a respeito", avaliou o economista Jörg Decressin, do FMI.
Institutos: situação ainda mais negra
Os principais institutos econômicos do país veem a situação de forma ainda mais negra, de acordo com informações antecipadas de um prognóstico que será divulgado oficialmente nesta quinta-feira (23/04). Eles preveem uma queda de 6% do PIB, a maior desde a grande depressão econômica há quase 80 anos.
O total de desempregados deverá chegar a 4,7 milhões (dos atuais 3,58 milhões), o que poderia sobrecarregar o sistema de bem-estar social. O presidente da Confederação Alemã de Sindicatos (DGB), Michael Sommer, alerta inclusive para o perigo de agitações sociais.
Também o ministro alemão das Finanças, Peer Steinbrück, admitiu que uma queda acima de 5% da economia em 2009 não é improvável. Sob a pressão dos novos números, o governo se encontrou com 30 representantes dos setores econômico e acadêmico, bem como dos sindicatos, para uma reunião de emergência nesta quarta-feira.
Segundo o ministro alemão da Economia, Karl-Theodor zu Guttenberg, a maioria dos presentes se mostrou contrária à elaboração de um terceiro pacote de incentivo à conjuntura.
Steinbrück alertou que ainda é preciso esperar até que os dois primeiros pacotes, com um volume total de 60 bilhões de euros, surtam efeito. O governo se mostrou disposto a ampliar o apoio ao empresariado e ao mercado de trabalho, mas os ministros sublinharam a necessidade de avaliar a situação de forma diferenciada, conforme o setor e a região, lembrando que há setores promissores.
Medidas isoladas
Steinbrück pondera ampliar o subsídio ao desemprego parcial, através do qual o Estado compensa as empresas ou os trabalhadores pelas horas de trabalho perdidas, dos atuais 12 para 18 meses, eventualmente até para 24 meses. Outra medida avaliada é a redução dos encargos sociais dos empregadores, caso estes se comprometam a investir no aperfeiçoamento profissional de empregados que tiverem sua jornada reduzida.
O governo também se mostrou aberto a propostas de representantes do setor econômico de reduzir em curto prazo a carga fiscal das empresas, bem como de facilitar o abatimento de prejuízos e de despesas com juros do imposto de renda.
No entanto, especialistas alertam que os governos federal, estaduais e municipais deverão recolher até 200 bilhões de euros menos que o previsto em impostos neste e nos próximos quatro anos.
RR/dpa/reuters
Revisão: Alexandre Schossler