Sigla de ultradireita alemã reelege líderes entre protestos
29 de junho de 2024Membros do partido de ultradireita Alternativa para a Alemanha (AfD) reelegeram neste sábado (29/06) Tino Chrupalla e Alice Weidel para mais um mandato de liderança conjunta, em um congresso realizado na cidade de Essen, oeste da Alemanha, e marcado por protestos massivos.
Nenhum dos dois enfrentou oposição em sua candidatura para outro mandato de dois anos. Chrupalla recebeu 82,72% dos votos, um resultado significativamente melhor do que na última conferência do partido, há dois anos, quando ele obteve apenas 53,4% dos votos dos delegados do AfD.
"Estou realmente um pouco emocionado", disse Chrupalla após sua eleição. Chrupalla é copresidente da AfD desde novembro de 2019.
O resultado da eleição de Weidel foi ligeiramente inferior ao de Chrupalla, conquistando 79,77% dos votos, em comparação com 67,3% há dois anos, quando foi eleita pela primeira vez para a liderança do partido.
Tumulto fora do centro de convenções
Do lado de fora, milhares de pessoas protestaram contra o evento do partido, e houve confrontos entre a polícia e manifestantes. Policiais usaram spray de pimenta e cassetetes para impedir que um grande grupo de ativistas rompesse um cordão de isolamento, próximo ao local onde o congresso está sendo realizado. Não ficou claro se os manifestantes ficaram feridos no incidente, mas a polícia disse que fez várias prisões, e que alguns policiais foram atacados.
O evento, que ocorre até este domingo, foi realizado apesar da resistência das autoridades da cidade – marcada pelas bandeiras do arco-íris e da UE hasteadas nos mastros do lado de fora do centro de convenções – e de ações de milhares de manifestantes, que tentaram impedir que os delegados da AfD chegassem ao local.
Algumas centenas de manifestantes chegaram a bloquear temporariamente a rampa de saída de uma rodovia e outros ocuparam ruas e cruzamentos próximos ao local da convenção partidária.
"Em um determinado momento, políticos e membros da AfD precisaram de proteção policial para chegar ao local do evento", disse o correspondente político da DW, Alex Gerst, acrescentando que o protesto havia se acalmado no meio da tarde.
Alta no número de membros
"Não seremos intimidados", disse a co-chefe Alice Weidel. "Estamos aqui e viemos para ficar".
Vários milhares de policiais foram mobilizados como parte das medidas de segurança para evitar tumultos.
Ao todo, esperava-se que cerca de 100 mil manifestantes participassem das manifestações contra o partido de ultradireita AfD, que vem ganhando apoio, principalmente no antigo leste comunista do país.
A AfD afirmou neste sábado ter registrado um aumento no número de filiados e prometeu aproveitar seu sucesso nas eleições para o Parlamento Europeu, já que tem como meta vencer em três votações estaduais no leste do país este ano.
No ano passado, o partido saltou para o segundo lugar nas pesquisas nacionais de popularidade, em meio à frustração com as brigas internas na coalizão do chanceler federal alemão, Olaf Scholz, e às preocupações com o crescimento lento da maior economia da Europa e com a guerra na Ucrânia.
Embora uma série de escândalos e protestos antiextremistas tenha feito diminuir o apoio à AfD nos últimos meses, o partido nacionalista e eurocético obteve o segundo lugar, com 15,9%, na votação para o Parlamento Europeu este mês, à frente dos três partidos da coalizão de Scholz.
O número de membros da AfD cresceu 60%, chegando a 46.881 membros desde janeiro de 2023, disse o co-chefe Tino Chrupalla a quase 600 delegados na convenção do partido. Cerca de 22 mil pessoas se filiaram ao partido, enquanto 4 mil o deixaram.
(DPA, AFP, Reuters)