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Eleição europeia: direita em festa na Alemanha

Publicado 9 de junho de 2024Última atualização 9 de junho de 2024

Sociais democratas, verdes e liberais, que governam a Alemanha desde 2021, devem fazer 31 dos 96 assentos no Parlamento Europeu – dois a menos que os conservadores. Populistas AfD e BSW registraram crescimento notável.

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Um grupo sorri e ergue canecos de cerveja
A presidente da Comissão Europeia e eurodeputada Ursula von der Leyen acompanha resultados da eleição ao Parlamento Europeu ao lado do governador da Baviera, Markus Söder, em um evento dos partidos conservadores CDU/CSUFoto: Sven Hoppe/dpa/picture alliance

Com a votação na Alemanha encerrada às 18h do horário local (13h de Brasília) deste domingo, os conservadores dos partidos irmãos União Democrata Cristã (CDU) e União Social Cristã (CSU) mantém a dianteira no Parlamento Europeu com 30% dos votos, o que garantiria a eles 29 dos 96 assentos na câmara baixa da União Europeia (UE).

O resultado é idêntico ao da eleição anterior, em 2019, quando a CDU fez 23 cadeiras e o CSU, 6, e está em linha com os 30% projetados por pesquisas anteriores.

O segundo grande vencedor das eleições europeias será a ultradireitista Alternativa para a Alemanha (AfD), com 15 assentos – um crescimento de quase 50% em relação a 2019, quando a sigla elegeu 11 eurodeputados. Originalmente a sigla havia eleito 16 parlamentares, mas acabou posteriormente expulsando o eurodeputado Maximilian Krah, que semanas antes fizera uma declaração relativizando o histórico da SS, uma organização paramilitar da era nazista.

O desempenho da AfD é notável, principalmente considerando a exposição negativa que a sigla teve devido a escândalos que mancharam a sua imagem, como as suspeitas contra dois eurodeputados acusados de favorecer interesses da China e da Rússia.

Uma mulher e um homem se abraçam e sorriem. Eles estão cercados por uma multidão que também sorri e aplaude. Ao fundo há bandeiras da Alemanha
Co-líderes da AfD Alice Weidel e Tino Chrupalla comemoram ao lado de correligionários após divulgação das primeiras pesquisas de boca de urna sobre os resultados das eleições europeiasFoto: Jörg Carstensen/dpa/picture alliance

Atrás da AfD vem o Partido Social Democrata (SPD), do chanceler federal Olaf Scholz, com 14 cadeiras pelas pesquisas de boca de urna – duas a menos que em 2019.

Já osVerdes, que integram a coalizão governista, levaram um tombo: devem perder quase metade das 21 cadeiras conquistadas em 2019, encolhendo sua bancada para 12 eurodeputados. Também membro do governo, o Partido Liberal Democrático (FDP) deve manter seus cinco assentos.

Juntos, os partidos da coalizão de governo alemã têm, segundo resultados preliminares, 31% dos votos – longe da maioria necessária que viabilizou a aliança que gere o país desde 2021, e que hoje é aprovada por apenas 22% do eleitorado.

Eleição é vista como teste eleitoral para Scholz

A eleição europeia é vista como um teste eleitoral para Scholz, cujo partido assumiu o posto máximo de governo da Alemanha em 2021 com 25,7% dos votos.

Diante da guerra na Ucrânia e no Oriente Médio, mas também do fraco desempenho da economia alemã, a popularidade do chanceler federal vem caindo junto com a de seus parceiros de governo.

A paz, a estabilidade social e a migração são considerados temas prioritários pelo eleitorado em detrimento da agenda climática, que em 2019 favoreceu a expansão do partido verde alemão no Parlamento Europeu.

A discussão da proteção do clima tornou-se polarizada, e muitas medidas – como o banimento de carros novos com motor a combustão na UE a partir de 2035 – não são endossadas pela maioria do eleitorado alemão.

Um grupo observa pneus que queimam. Ao fundo, vê-se vários tratores
Protesto de agricultores na França em janeiro deste ano: produtores rurais protestaram em toda a Europa contra regras de proteção climáticaFoto: Guillaume Saligot/Ouest-France/MAXPPP/picture alliance

Novo partido emerge como 5ª maior força e desbanca esquerda

O partido A Esquerda também encolheu, indo de cinco para três assentos – uma parte do eleitorado da sigla parece ter migrado para a recém-fundada Aliança Sahra Wagenknecht (BWS), ex-Esquerda, que fez outros seis eurodeputados.

O BWS é um partido populista que combina a defesa de políticas sociais a uma visão eurocética e anti-imigração. Seu reduto eleitoral é o leste alemão – ali, em setembro, três estados realizarão eleições regionais: Brandemburgo, Saxônia e Turíngia.

Siglas nanicas registraram uma leve expansão, e devem levar 12 assentos, três a mais que em 2019.

Eleição não é muito popular entre os alemães

Com mais de 84 milhões de habitantes, a Alemanha é o país mais populoso da UE e detém, por isso, o maior número de assentos no Parlamento Europeu, seguida de França (86), Itália (76) e Espanha (61). Destes, 60,9 milhões alemães estavam aptos para votar, sendo que 4,8 milhões podiam fazê-lo pela primeira vez. A taxa de comparecimento às urnas foi de 64,78%, contra 61,38% em 2019.

Esta é também a primeira eleição europeia aberta na Alemanha a jovens a partir dos 16 anos – esse direito, até então, era restrito a jovens a partir dos 18 anos.

As eleições europeias têm tradicionalmente uma baixa taxa de comparecimento, mas o interesse do eleitorado vem aumentando desde 2014, especialmente na Alemanha.

Eleições municipais em oito estados

Paralelo às eleições europeias, nove estados alemães realizam eleições municipais: Baden-Württemberg, Brandemburgo, Hamburgo, Meclemburgo-Pomerânia Ocidental, Renânia-Palatinado, Sarre, Saxônia, Saxônia-Anhalt e Turíngia, que volta às urnas para o 2º turno.

Ainda não se sabe como a AfD pontuará nas eleições regionais. Os resultados só devem ser conhecidos a partir de segunda-feira, após a contagem dos votos ao Parlamento Europeu.

Os resultados eleitorais citados neste texto são preliminares e podem mudar.

ra (dpa, ots)