Setor de TI na Alemanha necessita reforço estrangeiro
5 de março de 2013A coincidência é quase simbólica: após um longo e tenebroso inverno, a primavera chega a Hannover, pontualmente para o início da feira de tecnologia e informação Cebit. O otimismo resultante vem bem a calhar para a economia da Europa, tão abalada pelas crises. E poderão ser os setores de tecnologia da informação (TI) e telecomunicações os pioneiros de um novo impulso econômico.
Enquanto o restante da economia alemã ainda luta para sair das trevas, espera-se que a indústria de alta tecnologia venha a ter um crescimento de, no mínimo, 1,4% – segundo previsão da Bitkom, a confederação do setor de informação e telecomunicações da Alemanha. Isso pode transformar o setor num motor para a economia nacional, como um todo.
No entanto outros "motores" estão bem mais engrenados: na China o mercado de TI deverá crescer quase 9%, nos EUA, 6.5%. Também a Alemanha já viu índices mais promissores do que os atuais. O diretor-gerente da Bitkom, Bernhard Rohleder, confirma: "Para o nosso setor, 1,4% não é um valor excepcional. Mas comparado com o crescimento global da economia [alemã], representa duas, três vezes mais. E isso nos deixa muito otimistas, diante do contexto conjuntural do ano corrente".
Carteira para engenheiros europeus
Três quartos das empresas alemãs de TI contam aumentar seus faturamentos, e mais da metade pretende contratar novos empregados. Neste ano, o número de trabalhadores no setor atingirá 900 mil, apenas na Alemanha. Somente a indústria de máquinas e equipamentos contrata mais funcionários.
Mas onde há luz, há sombras. De acordo com a Bitkom, falta preencher 43 mil vagas para profissionais de TI, das quais 20 mil para técnicos de informática. Uma solução para essa lacuna seria a imigração direcionada de profissionais para a Alemanha, propõe Dieter Westerkamp, da Associação dos Engenheiros Alemães (VDI), em entrevista à DW.
"Esse é um caminho que vamos trilhar. A VDI defende a criação de uma carteira profissional europeia para engenheiros, o assim chamado 'engineering card'. Este possibilitará avaliar as qualificações e experiências dos engenheiros, a fim de que se possa comparar um profissional da Espanha ou da Itália com um alemão."
Bernhard Rohleder admite que "a Alemanha não é exatamente a terra dos sonhos para a elite mundial da TI, e é exatamente dessa elite que precisamos aqui". Existem muitos administradores com boa formação no país, mas faltam profissionais de criação e desenvolvimento. "Devemos nos abrir de forma mais clara para a elite mundial de TI, criar um ambiente altamente atraente para indianos, malaios, indonésios ou chineses virem para a Alemanha – e não irem para o Silicon Valley nos EUA", observou o diretor da Bitkom.
Smart connectivityem alta
A segurança informática está cada vez mais em foco: é nesse setor que se concentra a maior demanda de profissionais, ao lado do de desenvolvimento de software. Segurança também é um tópico de grande importância para empresas como a gigante alemã de telefonia Telekom. Seu diretor-executivo, René Obermann, vê espaço para as grandes da área de telecomunicações na chamada smart connectivity (conectividade inteligente) e nas cooperações com firmas de internet.
"Nós mostramos isso aqui na Cebit de forma bastante eloquente", diz o executivo. Em primeiro lugar, smart connectivity designa conexões de internet rápidas para grandes volumes de dados, além de maior segurança na rede e, por fim, gestão de qualidade para diferentes serviços. "Um e-mail até pode chegar um segundo atrasado, mas uma vídeoconferência não pode 'engasgar'. Isso tem que ser gerenciado no nível da rede", exemplifica Obermann.
Nos próximos dias, a Cebit oferece a oportunidade ideal para se ter uma visão geral sobre todos esses temas. Embora o evento já tenha deixado para trás os seus tempos áureos, é difícil imaginar o mundo digital sem a feira de Hannover. A melhor prova disso são os 4.100 expositores de 70 países diferentes que lá se apresentam em 2013.
Autor: Henrik Böhme (rc)
Revisão: Augusto Valente