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ConflitosIsrael

Saída de Gaza pelo Egito volta a ser fechada

5 de novembro de 2023

Passagem de Rafah voltou a ser fechada após ataque israelense a ambulâncias no norte de Gaza e em meio a troca de acusações sobre quebra de acordo para evacuação de civis.

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Civis caminham no lado egípcio da fronteira com Gaza.
Passagem de Rafah, no Egito, é a única saída de Gaza não controlada por IsraelFoto: Hatem Ali/AP/picture alliance

Após passar quase três dias aberta nesta semana para a saída de pessoas com passaporte estrangeiro da Faixa de Gaza, a passagem de Rafah, na fronteira com o Egito, voltou a ser fechada na noite deste sábado (04/11) logo após forças israelenses bombardearem um comboio de ambulâncias próximo à Cidade de Gaza, no norte do enclave palestino, sob a justificativa de que um dos veículos transportaria integrantes do grupo radical islâmico Hamas.

O fechamento da fronteira egípcia interrompeu um acordo mediado pelo Catar que permitiu, pela primeira vez desde a eclosão da guerra entre Israel e Hamas em 7 de outubro, a evacuação de 1.102 pessoas do território, entre feridos em estado grave e detentores de passaporte estrangeiro, segundo contagem da Sociedade do Crescente Vermelho egípcia (braço da Cruz Vermelha).

A informação sobre o fechamento da passagem de Rafah – a única saída de Gaza que não é controlada por Israel – foi confirmada a agências de notícias por fontes egípcias de segurança e de saúde, bem como profissionais da saúde atuando no lado palestino.

À Reuters, autoridades egípcias, catari e americanas afirmaram trabalhar num acordo para retomar a evacuação de civis – o grupo de assistidos pelo Itamaraty, um total de 34 entre cidadãos brasileiros e parentes, estão entre aqueles ainda presos no enclave.

Troca de acusações e exigências atravancam evacuação

O fechamento da passagem é atribuído a diferentes motivos.

Um deles é que o Hamas – considerado uma organização terrorista por Estados Unidos e países da União Europeia – estaria condicionando a saída de pessoas com passaporte estrangeiro à autorização de saída de palestinos gravemente feridos para tratamento em hospitais no Egito.

Fontes do governo americano, porém, alegam que a evacuação por Rafah emperrou porque o Hamas incluiu combatentes feridos na lista de evacuados – algo a que Egito, Israel e países aliados se opõem ferrenhamente.

À Reuters, um funcionário do governo egípcio afirmou que a fronteira estaria aberta do lado egípcio, mas que as evacuações haviam sido suspensas por causa dos bombardeios em Gaza. Outra fonte americana afirmou à agência que o Hamas estaria fazendo novas exigências, sem detalhá-las.

"O bombardeio de hospitais e ambulâncias, que são parte desse acordo para que comboios de ambulâncias retirem pacientes dali, certamente não ajuda", afirmou um porta-voz do governo catari.

Hamas aposta no prolongamento do conflito às custas de civis para forçar cessar-fogo

O conflito atual em Gaza foi deflagrado em 7 de outubro, quando integrantes do Hamas invadiram Israel, massacrando cerca de 1.400 pessoas, a maioria civis, e sequestrando outros mais de 240. Desde então, o enclave está sob bombardeio intenso, e a população civil sofre enquanto o Hamas – acusado de usar inocentes como escudo humano ao passo que se mantém entrincheirado debaixo de uma extensa rede de túneis – continua a lançar foguetes na direção de Israel, que também enfrentou ataques vindos da Síria e do Líbano.

O Hamas aposta no prolongamento do conflito às custas da população civil como estratégia para forçar Israel a aceitar um cessar-fogo – endossado por parte da comunidade internacional – e uma troca de reféns por prisioneiros palestinos, segundo fontes da organização citadas pela Reuters.

No lado palestino, o saldo de vítimas já passa de 9 mil, sendo 4 mil crianças, segundo dados do Ministério da Saúde em Gaza – esses números não podem ser verificados de forma independente.

Israel quer deslocar civis para o Egito, diz NYT

Citando diplomatas internacionais, o jornal americano New York Times afirmou em reportagem publicada neste domingo (05/11) que Israel tenta conquistar apoio internacional para a ideia de deslocar centenas de milhares de civis palestinos de Gaza para o Egito enquanto durar a guerra.

Apresentada como uma iniciativa humanitária para poupar civis do conflito, a ideia tem tido pouca aceitação entre interlocutores de Israel, que temem um deslocamento permanente. Palestinos também rejeitam a ideia e temem que a guerra seja um pretexto para removê-los de Gaza em uma segunda 'Nakba'.

Um documento interno da inteligência israelense datado de 13 de outubro  e vazado à imprensa recomendava a evacuação de civis de Gaza para o Sinai, no Egito. O governo israelense reagiu afirmando que o documento tinha caráter "preliminar".

Gaza já esteve sob domínio israelense entre 1967 e 2005. Quando o governo israelense se retirou, repassou a administração do território à Autoridade Palestina, que em 2007 foi expulsa dali pelo Hamas. Desde então, o enclave está sob bloqueio de Israel e Egito.

ra (Reuters, ots)

A única saída da Faixa de Gaza