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Rússia ataca shopping lotado na Ucrânia

28 de junho de 2022

Mais de mil pessoas estavam no local atingido por míssil. Pelo menos 18 morreram. Edifício não tinha importância militar ou estratégica, afirma Kiev. Moscou intensifica ofensiva a Lysychansk.

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Equipes de resgate combatem incêndio no centro de compras atingido por míssil em Kremenchuk, na Ucrânia
Mais de mil pessoas estavam no centro de compras atingido em ataque de míssil em Kremenchuk, na UcrâniaFoto: Ukraines President/telegram/Cover-Images/IMAGO

Um ataque de mísseis a um centro de compras na cidade ucraniana de Kremenchuk, nesta segunda-feira (27/06), deixou ao menos 18 mortos e 60 feridos, segundo informações das autoridades locais.

Mais de mil pessoas estavam no local no momento do ataque, atribuído às forças russas, o que eleva as preocupações quanto a um número ainda maior de vítimas. Até o momento, o Kremlin não se pronunciou oficialmente sobre o ocorrido.

Kremenchuk, uma cidade industrial de 270 mil habitantes localizada às margens do rio Dnipro, na região de Poltava, vinha sendo poupada de ataques diretos desde o início da invasão russa da Ucrânia. O local abriga uma das maiores refinarias de petróleo do país.

O presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, disse que o centro de compras não representava qualquer ameaça aos russos, e "não tinha valor estratégico algum". Ele acusou Moscou de sabotar "as tentativas das pessoas de levar uma vida normal, algo que irrita tanto os invasores".

O ataque se assemelha a outros ocorridos durante os mais de quatro meses da invasão russa da Ucrânia que resultaram em um grande número de vítimas civis, como o bombardeio a um teatro usado como abrigo em Mariupol, que matou em torno de 600 pessoas. Em abril, um ataque a uma estação de trens em Kramatorsk deixou pelo menos 59 mortos.

"A Rússia continua a descontar sua impotência nos cidadãos comuns. É inútil esperar por decência e humanidade da parte deles", afirmou Zelenski.

Equipes de resgate combatem incêndio no centro de compras atingido por míssil em Kremenchuk, na Ucrânia
Equipes de resgate combatem incêndio no centro de compras atingido por míssil em Kremenchuk, na UcrâniaFoto: Ukraines President/telegram/Cover-Images/IMAGO

O prefeito de Kremenchuk, Vitaliy Maletskiy, escreveu em redes sociais que o ataque "atingiu uma área bastante lotada, que temos 100% de certeza que não tem qualquer ligação com as Forças Armadas".

Líderes do G7 condenam ataque

Os líderes do países do G7 classificaram o ataque ao centro de compras em Kremenchuk como um "crime de guerra", em declaração conjunta divulgada durante a reunião das sete principais democracias industrializadas nos Alpes da Baviera. 

"Ataques indiscriminados contra civis inocentes constituem crimes de guerra", diz o texto, no qual os líderes afirmam que o presidente russo, Vladimir Putin, e os demais responsáveis responderão por suas ações. Eles condenaram o incidente como um "ataque abominável". 

O secretário-geral da ONU, António Guterres, considerou o ataque como "totalmente deplorável". Ele lembrou a obrigação das partes envolvidas no conflito de "proteger civis e estruturas civis", prevista pelas leis internacionais, informou seu gabinete.

O secretário de Estado americano, Antony Blinken, afirmou que "o mundo está horrorizado com o ataque", dizendo se tratar de o evento mais recente de "uma série de atrocidades" cometidas por Moscou.

Cerco a Lysychansk

O incidente ocorre em um momento em que a Rússia prepara uma ofensiva total na cidade de Lysychansk, o último bastião ucraniano na província de Lugansk, no leste do país.

Forças russas teriam intensificado os ataques com armas de longa distância, depois de terem expulsado nos últimos dias as tropas ucranianas da cidade vizinha de Sievierodonetsk.

Em Lysychansk, ao menos cinco edifícios, além da última ponte rodoviária próxima à cidade, foram danificados nos últimos dias. Uma rodovia que ligava a cidade ao território controlado pelo governo ucraniano foi praticamente destruída pelos bombardeios russos.

Lysychansk, que antes da guerra tinha uma população de aproximadamente 100 mil pessoas, abriga agora um décimo desse total. Sua localização às margens do rio Siverskiy Donets possibilita uma vantagem para as forças de defesa. Analistas avaliam que a Rússia poderá levar meses até conquistar a cidade.

A conquista de Lysychansk e Sievierodonetsk poderia solidificar o domínio russo sobre a região do Donbass, que desde 2014 é palco de uma insurgência de grupos separatistas pró-Rússia.

Nas últimas 24 horas, ataques também foram registrados em Sloviansk, Kharkiv e Odessa. Neste domingo, mísseis atingiram um conjunto de apartamentos em Kiev, deixando um morto e vários feridos.

Na reunião do G7, iniciada neste domingo, líderes ocidentais se comprometeram a apoiar a Ucrânia "pelo tempo que for necessário", além de aumentar as sanções à Rússia.

Em videoconferência com Zelenski, eles sublinharam seu "compromisso inabalável em apoiar o governo e o povo da Ucrânia" na batalha pela soberania de seu país e integridade territorial.

rc (Reuters, AP, AFP)