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"Não se pode cair na armadilha de Putin", diz Scholz

27 de junho de 2022

Na cúpula do G7, líder alemão afirma ser importante conversar com países que não se alinharam às sanções a Moscou. Convidados do encontro, Índia, África do Sul e Senegal se abstiveram de condenar a Rússia na ONU.

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Olaf Scholz fala em púlpito
Scholz: "Não devemos cair na armadilha de Putin de afirmar que o mundo está dividido entre o Ocidente global e todos os outros"Foto: Michael Kappeler/dpa/picture alliance

O chanceler federal da Alemanha, Olaf Scholz, alertou nesta segunda-feira (27/06) que o mundo "não pode cair na armadilha" do presidente da Rússia, Vladimir Putin, que afirma haver uma divisão entre os países ocidentais e o resto do mundo por causa da guerra na Ucrânia.

"Em primeiro lugar, não devemos cair na armadilha de Putin de afirmar que o mundo está dividido entre o Ocidente global (...) e todos os outros", disse ele à emissora pública de TV alemã ZDF no castelo de Elmau, no sul da Alemanha, onde está sendo realizada a cúpula do G7.

"Existem democracias em todo o mundo, e elas têm perspectivas muito semelhantes", acrescentou, antes de argumentar que esse foi o motivo de a Alemanha ter convidado cinco países emergentes para a cúpula – Índia, Indonésia, África do Sul, Senegal e Argentina – cujos líderes participam do evento nesta segunda-feira.

Três dessas nações não se posicionaram claramente em relação à invasão da Ucrânia pela Rússia. Índia, Senegal e África do Sul se abstiveram no começo de março na Assembleia Geral da ONU durante a votação que condenou a guerra.

Scholz frisou ser importante conversar com esses países. "A guerra de agressão russa tem consequências para o mundo inteiro. Muitos países temem uma crise de fome, muitos temem um aumento maciço dos preços da energia", argumentou. "Temos que estar juntos em solidariedade. Também queremos mostrar essa solidariedade aqui", sublinhou Scholz.

Cúpula do G20

Entretanto, o chanceler federal alemão não falou se planeja participar da cúpula do G20, agendada para novembro na Indonésia, dizendo que isso será resolvido "pouco antes do embarque". A Rússia, que faz parte do grupo, foi convidada para o encontro pelo país anfitrião, o que desagradou aos governos ocidentais.

"Uma coisa é clara: o G20 deve continuar desempenhando um papel", ponderou Scholz, ressaltando que "há uma convicção comum de que não devemos torpedear o G20", que inclui importantes potências econômica. O presidente da Indonésia, Joko Widodo, é um dos convidados do G7, enquanto organizador da próxima cúpula do G20.

Scholz destacou que, além de Putin, a Indonésia também convidou o presidente ucraniano, Volodimir Zelenski. O chanceler enfatizou que ainda não está claro quem realmente participará da reunião.

Scholz voltou a defender sanções contra a Rússia, afirmando que elas contribuíram para que o país ficasse severamente enfraquecido. Ele disse, entretanto, que nenhum acordo conclusivo deve ser alcançado na cúpula do G7 sobre um embargo ao ouro exportado pela Rússia e que o assunto ainda precisa ser debatido na União Europeia.

Também numa entrevista à TV alemã, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, não descartou sentar-se com Putin na cúpula do G20. "Também é importante dizer na cara dele o que pensamos dele", afirmou. Ela também se disse contra "paralisar" o G20 por causa da presença do presidente russo, afirmando que a cúpula é "importante demais para isso".

md/lf (DPA, EP, AFP)