Rússia anuncia nova trégua humanitária em Aleppo
3 de novembro de 2016O governo russo anunciou nesta quarta-feira (02/11) uma nova trégua humanitária na cidade de Aleppo, na Síria, prevista para durar dez horas nesta sexta-feira. Intuito é evacuar os civis das áreas sitiadas, bem como permitir que grupos rebeldes deixem o bastião, cercado por forças russas e sírias.
Valery Gerasimov, chefe das Forças Armadas da Rússia, fez um apelo nesta quarta-feira para que os rebeldes aproveitem a trégua para abandonar a cidade. "Levando em conta que nossos colegas americanos são incapazes de separar a oposição dos terroristas, nós apelamos diretamente aos líderes de grupos armados para que cessem os combates e deixem Aleppo com suas armas", disse o oficial.
De acordo com Gerasimov, citado por agências de notícias internacionais, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, ordenou que suas forças abram oito corredores especiais para a passagem ilesa de civis e rebeldes durante o cessar-fogo, que deve durar de 9h às 19h, no horário local de Aleppo.
Dois corredores serão voltados para a saída de combatentes de grupos armados, "a fim de evitar uma perda sem sentido de vidas", informou o Ministério da Defesa. Uma das rotas será no norte da cidade, em direção à fronteira com a Turquia, e outra, no sudoeste, em direção à cidade síria de Idlib.
"Os outros seis corredores serão designados para a partida de civis e para a evacuação de pessoas feridas e doentes", acrescentou o chefe russo das Forças Armadas. Segundo ele, a Rússia e as tropas governamentais sírias "garantirão a segurança na retirada da população" nesta sexta-feira.
Gerasimov afirmou ainda que uma ofensiva lançada pelos rebeldes na semana passada na tentativa de romper o cerco russo e sírio à cidade de Aleppo fracassou. "Os terroristas sofreram grandes perdas em vidas, armas e equipamentos. Eles não têm chance de escapar da cidade", garantiu o militar.
Nesta quarta-feira, os rebeldes rechaçaram o apelo russo para que eles deixem a cidade. "Isso está completamente fora de questão. Não vamos desistir de Aleppo para os russos e não vamos ceder", disse à agência de notícias Reuters um combatente do grupo rebelde Fastaqim. Segundo ele, os corredores não garantem uma passagem segura, e os civis não confiam na palavra do governo.
Guerra síria
A Rússia apoia o presidente sírio, Bashar al-Assad, na guerra civil no país. A operação militar russa na Síria, agora em seu segundo ano, tem reforçado a posição de Assad. Isso colocou Moscou em rota de colisão com os Estados Unidos e seus aliados, que querem que o presidente saia do poder.
Tanto a Rússia como os sírios afirmam que não realizam bombardeios em Aleppo desde o último dia 18 de outubro. Enquanto isso, os governos ocidentais alegam que ataques da oposição têm matado grande quantidade de civis – uma alegação repetidamente negada pelo governo russo.
Tréguas humanitárias já foram organizadas por Moscou e Damasco anteriormente, mas fracassaram totalmente em meio à violência. Ambos os lados acusam o outro de impedir que as pessoas deixem Aleppo. A abertura de corredores não foi suficiente para que se pudesse levar ajuda humanitária a partes sitiadas da cidade ou fazer evacuação de civis, afirmou a Organização das Nações Unidas.
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