Rosas brancas contra neonazistas em Dresden
13 de fevereiro de 2005
A população de Dresden e milhares de visitantes relembraram neste domingo as vítimas dos bombardeios aliados na noite de 13 para 14 de fevereiro de 1945. O chanceler Gerhard Schröder censurou, por ocasião das cerimônias rememorativas, a tentativa dos extremistas de direita de reinterpretar a história, advertindo que não se pode utilizar as vítimas da guerra para desviar a atenção das atrocidades do regime nazista.
Cerca de cinco mil extremistas de direita participaram de uma marcha pelo centro de Dresden, comandados por Udo Voight e Gerhard Frey, respectivamente presidentes dos partidos NPD e DVU, bem como pelo ex-líder dos Republicanos, Franz Schönhuber. Uma tentativa de bloqueio da passeata por parte de ativistas de esquerda teve de ser impedida pela polícia, que deteve inúmeras pessoas rebuçadas, o que é proibido por lei.
Rosas brancas
Milhares de pessoas em toda a cidade portavam rosas brancas como sinal de protesto contra a tentativa neonazista de abusar do 60º aniversário dos bombardeios para fins de propaganda ideológica.
Na Alemanha, a rosa branca é um símbolo da resistência contra o nazismo: "A Rosa Branca" era como se intitulava o grupo estudantil de Munique, do qual faziam parte os irmãos Hans e Sophie Scholl, executados pelo regime hitlerista por distribuírem panfletos na universidade de Munique.
Reconciliação
Ao lado do governador da Saxônia, Georg Milbradt, as solenidades em Dresden contaram com a participação dos embaixadores da Grã-Bretanha, da França e dos Estados Unidos. A igreja Frauenkirche, recém reconstruída, recebeu uma cruz de pregos da cidade inglesa Coventry, como sinal de reconciliação. Os pregos foram retirados das ruínas da catedral daquela cidade, destruída em 1940 por bombas alemãs.
A Frauenkirche, destruída e reconstruída recentemente
O programa de rememoração das vítimas do bombardeio incluiu também uma vigília diante da Semperoper, o teatro de óperas de Dresden, em sinal da reconciliação com os antigos inimigos de guerra. O encerramento das solenidades, com o toque de sinos de todas as igrejas da cidade, relembra o minuto exato do início dos ataques aéreos – às 21.45 horas do dia 13 de fevereiro de 1945.