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Quase metade dos eleitores reprova Bolsonaro, diz Datafolha

24 de junho de 2022

Gestão do presidente é avaliada como ruim ou péssima por 47%, aponta pesquisa. Parcela dos que não votariam de jeito nenhum no atual mandatário chega a 55%.

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Bolsonaro aparece sendo fotografado por um policial.
Bolsonaro segue como o pior presidente brasileiro avaliado a essa altura do mandato desde a redemocratização, nos anos 80.Foto: Filipe Araujo/AFP

Segundo pesquisa do Instituto Datafolha divulgada nesta quinta-feira (23/06), 47% dos eleitores entrevistados consideram ruim ou péssima a gestão do presidente Jair Bolsonaro. A reprovação ao governo seguiu estável em relação ao levantamento anterior, publicado no fim de maio, quando estava em 48%.

A parcela que aprova Bolsonaro, ou seja, que considera o governo bom ou ótimo, também ficou praticamente idêntica: 26% na pesquisa de junho, ante 25% na de maio. Os que acham a gestão regular eram 27% e agora são 26%.

O Datafolha entrevistou 2.556 brasileiros e brasileiras com 16 anos ou mais, entre os dias 22 e 23 de junho, em 181 cidades, e tem margem de erro de dois pontos percentuais para cima ou para baixo.

Segundo o jornal Folha de S. Paulo, aliados de Bolsonaro receberam os resultados estáveis da pesquisa com alívio, após uma série de crises e escândalos enfrentada pelo governo nas últimas semanas.

Nesta quarta-feira, o ex-ministro da Educação e aliado de Bolsonaro, Milton Ribeiro foi preso. Ele é investigado por favorecer prefeituras a pedido de pastores ligados ao governo. Nesta quinta, um desembargador mandou soltar o ex-ministro, do qual o presidente tenta agora se distanciar.

"Ele responda pelos atos dele. Peço a Deus que não tenha problema nenhum, mas, se tem algum problema, a PF está agindo, está investigando. É um sinal que eu não interfiro na PF, porque isso aí vai respingar em mim, obviamente", afirmou Bolsonaro sobre Ribeiro.

Na última segunda-feira, o presidente da Petrobras, José Mauro Ferreira Coelho, anunciou sua renúncia do cargo, em meio à crescente pressão de Bolsonaro e do presidente da Câmara, Arthur Lira, contra a política de preços de combustíveis praticada pela estatal.

Coelho foi o terceiro presidente da Petrobras durante o governo Bolsonaro, e sucedeu Roberto Castelo Branco e o general da reserva do Exército, Joaquim Silva e Luna, que também caíram após pressões contra a política de preços da empresa.

Além disso, o caso do jornalista Dom Phillips e do indigenista Bruno Pereira, assassinados na Amazônia, provocou uma enxurrada de críticas às políticas adotadas pelo governo em relação à proteção de povos indígenas e do meio ambiente.

Intenções de voto

Em relação às intenções de voto, segundo a pesquisa, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, pré-candidato do PT ao Palácio do Planalto, tem 53% dos votos válidos no primeiro turno, 21 pontos à frente do presidente Jair Bolsonaro (PL), que tem 32%.

Em terceiro lugar, aparece o ex-ministro Ciro Gomes (PDT), com 10%. Na sequência, estão André Janones (Avante, 2%), Simone Tebet (MDB, 1%), Pablo Marçal (Pros, 1%) e Vera Lúcia (PSTU, 1%). Os demais pré-candidatos não pontuaram.

Dos entrevistados pelo Datafolha, 55% disseram que não votariam de jeito nenhum no atual presidente.

Os 47% de reprovação apontados no levantamento também indicam que Bolsonaro é o presidente com pior avaliação a essa altura do mandato desde a redemocratização. O recorde do próprio Bolsonaro, porém, ocorreu em dezembro, quando ele tinha 53% de avaliação ruim ou péssima.

Para comparação, em junho de 1998, Fernando Henrique Cardoso tinha 25% de reprovação; Lula tinha 21% em julho de 2006; e Dilma, 26% em julho de 2014.

Em outubro de 1988, o presidente José Sarney, que havia assumido somente em março de 1985, era reprovado por 65% dos eleitores, mas a pesquisa havia sido realizada em apenas dez capitais.

Mulheres e nordestinos reprovam mais

A pesquisa Datafolha também indicou que as mulheres reprovam mais o governo Bolsonaro em comparação aos homens: 52% a 43%.

A avaliação negativa sobre Bolsonaro também é particularmente alta entre habitantes da região Nordeste (54%), brasileiros que declararam que a renda familiar é muito baixa e traz muitas dificuldades (58%) e entre os que se autodeclararam como homossexuais ou bissexuais (73%).

Entre os que mais aprovam o atual governo estão empresários (38%), evangélicos (37%) e moradores da região Sul (32%).

gb/lf (ots)