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Putin envia militares para combater incêndios florestais

Darko Janjevic cn
31 de julho de 2019

Chamas já devastaram uma área de quase 3 milhões de hectares. Greenpeace alerta para "catástrofe ecológica". Fogo ameaça camada de gelo permanente no Ártico e impulsiona aquecimento global.

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Fogo se alastra por florestas na Sibéria
Fogo se alastra por florestas na SibériaFoto: pictur- alliance/AP Photo

Enquanto moradores de cidades na região da Sibéria lutam contra os efeitos da fumaça dos incêndios florestais, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, ordenou que militares reforcem os esforços para combater o fogo que está devastando a região.

"Os militares serão envolvidos nos trabalhos de extinção dos incêndios siberianos", anunciaram autoridades do Kremlin nesta quarta-feira (31/07). Putin ordenou o reforço depois de ler o relatório do ministro de Emergências, Evgueni Zinichev, sobre a situação.

Como resposta às ordens de Putin, o Ministério da Defesa anunciou o envio de 10 aviões IL-76 e 10 helicópteros "com equipamento especial para lançar água" sobre os incêndios de Krasnoyarsk, na Sibéria.

Segundo o Serviço de Proteção Florestal da Rússia, há 147 focos de incêndios na região, sendo que 32 foram extintos nas últimas 24 horas. As chamas já devastaram uma área de quase 3 milhões de hectares. A região de Irkutsk é a mais afetada pelo fogo. Mais de 2,7 pessoas participam dos esforços para conter as chamas.

O Serviço de Proteção Florestal afirmou que outros 321 incêndios em áreas remotas e de difícil acesso estão sendo apenas monitorados e não combatidos, por não ameaçarem centros populacionais e objetos econômicos. "As perdas projetadas no combate a esses incêndios superam seu potencial de danos", acrescentou a agência.

Especialistas alertam, no entanto, que o dano causado pelos incêndios vai muito além da questão financeira. O Greenpeace afirmou que a situação é uma "catástrofe ecológica" e teme que isso impacte ainda mais no clima, acelerando o aquecimento global.

De acordo com Grigori Kouxine, especialista do Greenpeace Rússia, a fuligem e as cinzas aceleram o derretimento do gelo do Ártico. A camada permanentemente congelada manifesta tendência para encolher este ano, um processo que liberta gases que contribuem para o aquecimento global. "O efeito dos incêndios no clima é muito importante", adverte.

O Greenpeace lançou uma petição apelando às autoridades russas para que lutem mais contra estes incêndios, principalmente os que ocorrem em áreas remotas.

A Organização Meteorológica Mundial (OMM) fez um alerta para o círculo vicioso dos incêndios na região. "Tudo começou porque estava muito quente e seco. O fogo libera aerossol, que derrete a neve e acelera as mudanças climáticas, que por sua vez aumentam as temperaturas", disse Oxana Tarasova, da OMM, à DW.

Entre as causas dos incêndios estão as tempestades secas e um calor "anormal" de 30°C, que foram propagadas por ventos fortes, afetando regiões vizinhas, segundo o Serviço de Proteção Florestal. 

Tarasova afirmou que o mundo enfrentará eventos climáticos cada vez mais extremos à medida que o clima mudar. "Por exemplo, temos precipitação suficiente para inundar metade da Sibéria e amanhã a temperatura sobe para 45°C, tudo seca e começa a queimar. Esse vai e volta de um extremo a outro é um sinal de uma mudança climática de longo prazo", acrescentou.

A especialista lembra ainda que com a floresta perdida é reduzida a capacidade da Terra de processar o dióxido de carbono. "Se quisermos manter o planeta habitável, precisamos preservar as florestas", destacou Tarasova.

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