Protestos eclodem na Inglaterra após morte de três crianças
1 de agosto de 2024O adolescente de 17 anos acusado de esfaquear e matar três crianças em uma aula de dança naInglaterracompareceu nesta quinta-feira (01/08) a um tribunal, enquanto protestos violentos contra o ataque, motivados por notícias falsas, eclodiram em várias cidades do país. Oito crianças e dois adultos também foram feridos no ataque.
A polícia britânica acusou formalmente o jovem por homicídio e tentativa de homicídio, após os assassinatos ocorridos em Southport, noroeste da Inglaterra, na última segunda-feira. Também afirmou que o ataque não foi um ato de terrorismo. O acusado, que tem pais originários de Ruanda, é nascido no Reino Unido.
No entanto, ativistas de extrema direita usaram as mortes para fomentar protestos contra imigrantes e muçulmanos. Informações falsas sobre a origem do suspeito – que alegavam que ele seria um solicitante de asilo – levaram agitadores anti-islâmicos a atacar uma mesquita e entrar em confronto com a polícia em Southport, na terça-feira.
Veículos da polícia foram danificados e incendiados, policiais foram atacados com tijolos e contêineres de lixo. Ao menos 53 agentes ficaram feridos. Um vídeo postado nas redes sociais mostrou a multidão cantando "queremos nosso país de volta". Segundo as autoridades, o protesto foi comandado pela Liga de Defesa Inglesa, um grupo que faz manifestações violentas contra muçulmanos.
Os protestos também agitaram Londres na noite de quarta-feira. Os manifestantes jogaram garrafas na polícia sob gritos de "parem os barcos" – uma referência aos pequenos barcos que trazem migrantes irregulares pelo Canal da Mancha. A polícia prendeu mais de 100 pessoas próximo à residência oficial do primeiro-ministro, Keir Starmer, em Downing Street.
A polícia ainda enfrentou manifestantes violentos na cidade de Hartlepool, no nordeste da Inglaterra, enquanto grupos de extrema direita tentaram vincular, sem provas, o ataque a imigrantes.
O suspeito pelos assassinatos foi preso em um centro de detenção juvenil durante uma audiência em Liverpool, onde um juiz suspendeu as restrições normalmente impostas a um menor de idade, determinando que ele poderia ser identificado. Segundo o juiz Andrew Menary, a divulgação da identidade foi feita para impedir novas ondas de desinformação sobre o tema.
Embora o adolescente tivesse direito ao anonimato devido à sua idade, ele o perderia quando completasse 18 anos na próxima quarta-feira.
*A DW não divulga o nome completo de suspeitos, em conformidade com o código de imprensa alemão.
gq/le (Reuters, AP)