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Prever o clima do futuro com a Antártica

rw30 de julho de 2004

Conferência mundial sobre a Antártica, na Alemanha, reúne mais de 800 especialistas de 39 países para discutir a situação e as perspectivas da pesquisa no continente gelado. Alemanha construirá nova base de pesquisas.

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Centro alemão de pesquisas Neumayer IIFoto: AWI Archiv

Até este sábado (31/7) estão reunidos em Bremen, no norte da Alemanha, 850 cientistas e demais interessados de 39 países que se ocupam com a Antártica. É a primeira vez que tal conferência, já em sua 28ª edição, se realiza na Alemanha. O país mantém um importante centro de pesquisas no continente gelado.

Desde o começo da conferência, iniciada na última segunda-feira, os cientistas vêm salientando a enorme importância da Antártica para o clima mundial. O gelo deste continente armazena 90% das reservas de água doce de todo o planeta, assinalou John Turner, da Universidade de Cambridge. Trata-se de uma região extremamente sensível. Já um leve aumento da temperatura pode representar conseqüências dramáticas para o gelo.

Importância da pesquisa na região

Segundo o professor Jörn Thiede, diretor do Instituto Alfred Wegener de Pesquisas Polares e Marinhas (AWI), de Bremerhaven, o Ártico e o Antártico reagem mais depressa do que outras regiões do planeta às mudanças climáticas globais. "Por isso, a pesquisa lá é tão importante. Precisamos unir todos os planos nacionais em um grande programa internacional", defende Thiede, co-organizador do evento.

800.000 Jahre alter Eisbohrkern im Alfred Wegener Institut
Barra de gelo perfurada a 3,2 km de profundidade no Pólo Sul, por cientistas do Instituto Alfred Wegener, tem 800 mil anos de idadeFoto: dpa

A conferência pretende servir de foro principalmente para os trabalhos de pesquisadores jovens. Seu objetivo central é obter informações sobre o clima do futuro através das informações sobre o passado contidas no gelo antártico. Afinal, nos últimos 50 anos, a temperatura média no continente de gelo aumentou 3ºC.

Foram apresentadas também novas descobertas a partir da pesquisa em grandes profundidades marinhas. Graças à "colaboração" de focas providas de câmeras e outros equipamentos, os cientistas conseguiram recolher importantes informações em locais de difícil acesso. Com os dados recolhidos, eles esperam desvendar mistérios como a morte em massa de animais e plantas, ocorrida há cerca de 180 milhões de anos.

Alemanha construirá novo laboratório na região

"A pesquisa polar é imprescindível. Sem os conhecimentos básicos sobre as complexas relações entre oceanos, gelo e atmosfera, não se podem desenvolver estratégias eficazes de proteção do clima e do meio ambiente", enfatizou a ministra alemã da Pesquisa, Edelgard Bulmahn.

Seu ministério destinará 26 milhões de euros para a construção da nova estação de pesquisas Neumayer III no Pólo Sul. O governo alemão destina mais de 50 milhões de euros a cada ano para a pesquisa na região antártica.

Station Neumeyer
Localização da estação Neumayer no continente geladoFoto: BGR

A atual estação, Neumayer II, só poderá ser usada até 2007, pois está ameaçada de ser esmagada e soterrada pelo gelo. Para evitar tais problemas com a nova estação, já que o gelo está em constante expansão, ela será construída sobre a superfície gelada. Um mecanismo especial providenciará que a estação seja levantada de tempos em tempos. O prédio, de 3300 m² e que deverá ficar pronto em 2008, poderá abrigar 58 pessoas no verão e mais de 10 no inverno.

O centro de pesquisas será construído com os mais modernos materiais não poluentes, como os usados na técnica espacial. Cientistas alemães e de outros países recolhem e avaliam nesta estação informações meteorológicas, biológicas e geocientíficas.

O centro Geog von Neumayer na Antártica é mantido pelo Instituto Alfred Wegener de Pesquisas Polares e Marinhas (AWI), de Bremerhaven, desde 1981. O prédio onde funciona atualmente havia sido construído em 1992.