'Colina dos Reis'
18 de abril de 2010Apesar da forte polêmica em torno do local do sepultamento, o funeral do presidente da Polônia, Lech Aleksander Kaczynski, e sua esposa, Maria, se realiza neste domingo (18/04), na Colina de Wawel, na Cracóvia, local onde foram coroados e onde estão sepultados outros heróis nacionais.
Desde a última quarta-feira, opositores da ideia protestavam na cidade, tachando de "exagero brutal" o funeral do controvertido chefe de Estado em local tão nobre. Cartazes exigiam: "Salvem o Wawel da vergonha".
Assim como 95 outros representantes políticos do país do Leste europeu, o casal Kaczynski faleceu em um acidente aéreo na Rússia, em 10 de abril.
Capital secreta
Desde a Idade Média, Cracóvia conta como capital secreta da Polônia. Conhecido como "Colina dos Reis", o Wawel domina a parte antiga da cidade, dando vista para o Rio Vístula. Segundo uma velha crônica, foi em uma de suas cavernas que o legendário líder Krak teria abatido um dragão.
O castelo medieval situado sobre o morro foi residência de reis poloneses, sendo ampliado em fortaleza entre os séculos 14 e 18. Juntamente com a catedral gótica, ele forma um complexo arquitetônico em que quase duas dezenas de monarcas encontraram sua última morada.
O Wawel foi o centro de poder do reino da Polônia até a capital ser transferida para Varsóvia, no século 16. Porém, como local de coroação e sepultamento da real república polonesa, Cravóvia manteve até hoje importância superior no sentimento nacional.
Repouso de heróis
Um motivo adicional para a aura mítica que envolve a Colina de Wawel é lá estarem sepultados dois heróis nacionais: Ladislau 2º, que derrotou a Ordem dos Cavaleiros Teutônicos na Batalha de Grunwald, em 1410; e João Sobieski 3º, vencedor sobre os turcos em 1683.
A Catedral de Wawel é hoje sede episcopal do arcebispado de Cracóvia. O fato de Kaczynski ser enterrado nela, e não no grande cemitério da capital, tem peso simbólico ainda maior porque ele repousará ao lado de um ídolo seu: Jozef Pilsudski, o arquiteto da independência polonesa após a Primeira Guerra Mundial. Em Wawel encontra-se sepultado também Wladislaw Sikorski, comandante supremo do Exército nacional vitimado por um trágico e inexplicado acidente aéreo sobre Gibraltar, em 1943.
Durante a ocupação nazista do país, o local foi residência do governador geral alemão, Hans Frank. O militar da SS foi responsável pelo regime de terror na Polônia, assim como pelo transporte de numerosos bens culturais para o Reich.
Em 1978, a Colina de Wawel foi declarada pela Unesco Patrimônio Cultural da Humanidade, assim como o centro histórico de Cracóvia.
Autor: Daniel Scheschkewitz / dpa (av)
Revisão: Roselaine Wandscheer