Spicer sugere que Hitler não usou armas químicas
11 de abril de 2017O porta-voz da Casa Branca, Sean Spicer, gerou polêmica nesta terça-feira (11/04) ao afirmar que nem mesmo o ex-líder nazista Adolf Hitler usou armas químicas na Segunda Guerra Mundial, como supostamente fez agora o governo do presidente sírio, Bashar al-Assad.
Spicer estava tentando abordar o horror do ataque químico ocorrido na semana passada na Síria, pelo qual Washington responsabiliza o regime de Assad.
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"Nós não usamos armas químicas na Segunda Guerra Mundial", disse Spicer, acrescentando que "alguém tão desprezível como Hitler não se rebaixou ao ponto de usar armas químicas".
Minutos depois, Spicer defendeu suas declarações, tentando diferenciar as ações de Hitler do recente ataque com gás tóxico no norte da Síria, que deixou mais de 80 mortos. Segundo o Ministério da Saúde turco, gás sarin foi usado.
"Acho que quando se trata de gás sarin, ele [Hitler] não usava gás contra seu próprio povo da maneira como Assad está fazendo", disse Spicer.
Após o pronunciamento à imprensa, Spicer enviou um comunicado a repórteres se retratando. "De maneira alguma eu estava tentando atenuar a natureza horrenda do Holocausto", escreveu. "Eu estava tentando traçar uma distinção com a tática de usar aviões para jogar armas químicas em centros populacionais. Qualquer ataque a pessoas inocentes é repreensível e imperdoável."
Apesar de nunca ter utilizado armas químicas no campo de batalha durante a Segunda Guerra, Hitler utilizou gases letais para exterminar milhões de judeus em câmaras de gás. Estima-se que o regime nazista tenha executado até 6 mil judeus por dia somente no campo de concentração de Auschwitz.
Duras críticas
Os comentários sobre Hitler logo causaram repercussão na comunidade judaica nos EUA. O Centro Anne Frank por Respeito Mútuo, em Nova York, pediu que o presidente Donald Trump despeça Spicer, afirmando que o porta-voz negou que Hitler tenha usado gás contra judeus durante o Holocausto.
"Spicer se envolveu na negação do Holocausto, a forma mais ofensiva de 'fake news' que se pode imaginar", disse Steven Goldstein, diretor-executivo da instituição.
Esta não é a primeira vez que o governo Trump é criticado por declarações relacionadas ao Holocausto e ao antissemitismo. No Dia Internacional da Lembrança ao Holocausto, em 27 de janeiro, a Casa Branca emitiu um comunicado sem fazer qualquer referência aos judeus.
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