Tratamento igualitário
3 de abril de 2009
De modo geral, quase todos concordam: discriminação é injustiça. Isso é o que revela um estudo sobre discriminação e política antidiscriminação realizado pelo instituto de pesquisa Sinus Sociovision.
Na Alemanha, nota-se uma forte rejeição ao tratamento não igualitário, confirma Bodo Flaig, diretor do instituto. Os alemães se sentem comprometidos com "o ideal de bem-estar e justiça material para todos". Além disso, 68% dos entrevistados acreditam que o tratamento igualitário em tempos de globalização representa uma "importante vantagem na competitividade".
Desconfiança em relação à política
O combate à discriminação é visto como uma responsabilidade da política, da economia, das escolas e pré-escolas. Mas isso muda de figura quando se trata de medidas políticas concretas. Um exemplo é a Lei de Tratamento Igualitário, rejeitada por grande parte da população.
Esta é uma contradição que Flaig não consegue destrinçar. "Ocasionalmente, dá a impressão de que a verdadeira fatalidade foi o fato de a política oficial ter se encarregado disso", constata.
Supérflua, burocrática demais e ineficiente – esses são os principais argumentos contrários à legislação contra a discriminação. Sobretudo nos meios conservadores e na classe média burguesa a lei sofre forte rejeição.
Pessoas com formação avançada e em boa posição social também são céticas em relação à lei. Elas não acreditam que a política possa influenciar de modo decisivo o posicionamento dentro da sociedade.
Só os meios urbanos jovens é que encaram a política antidiscriminação como algo normal em uma sociedade democrática. As classes mais baixas, por sua vez, são em grande parte indiferentes. "A conclusão que tiramos disso é que precisamos utilizar esse estudo para poder comunicar melhor a nossa política", declarou Martina Köppen, diretora da Agência Federal Antidiscriminação.
Privilégios indevidos
Uma grande parte dos entrevistados acredita até que a Lei de Tratamento Igualitário concede privilégios indevidos a determinados grupos. Por mais que os alemães rejeitem a discriminação em geral, nem sempre uma discriminação é igual à outra.
Portadores de deficiência, mulheres e idosos, por exemplo, são vistos como injustamente discriminados. As leis que oferecem uma proteção especial a esses grupos contam com ampla aceitação. O mesmo se aplica a grupos próximos do próprio ambiente de vida dos entrevistados.
Quem enfrenta dificuldade são todos aqueles considerados "distantes" por uma grande parte da população, explica Flaig, "como imigrantes de outra cor de pele, pessoas de outras confissões, homossexuais". Para a população, um dos pontos críticos da lei de tratamento igualitário é o que os políticos chamam de "abordagem horizontal", ou seja, o fato de a lei proteger todos os grupos discriminados na mesma medida.
Autor: Mathias Bölinger
Revisão: Rodrigo Rimon Abdelmalack