Ikea no museu
25 de abril de 2009Quando se fala na empresa de móveis sueca Ikea, a maioria não pensa em design de ponta, mas em repúblicas estudantis ou sábados estressantes em longas filas para comprar móveis que eles mesmos terão que montar. Sem Ivar, Knöt ou Billy, ou seja lá como se chamem as peças, morar na Alemanha seria diferente, já que a marca é muito difundida no país.
Mas a Ikea não revolucionou apenas a maneira como se mora. Suas peças refletem a obra dos grandes designers escandinavos das décadas de 50 e 60. Por isso, os móveis agora podem ser visitados não só nas filiais da cadeia sueca, mas também na exposição Democratic Design da Pinacoteca Moderna (Pinakothek der Moderne) de Munique.
Do galpão para a sala de exposições
A exposição funciona mais ou menos como uma visita a uma loja da Ikea: um percurso guiado por quilômetros de peças expostas, no qual muitas vezes se perde tempo observando móveis que nem eram os que se estava procurando. Só que o caminho na Pinacoteca Moderna passa não por cozinhas e quartos de criança, mas por clássicos do design, como cadeiras de Rietveld e Thonet, as famosas prateleiras e os móveis em estilo Bauhaus de Marcel Breuer.
"Só não reproduziremos ambientes inteiros, nem faremos sugestões de decoração, como na loja", conta Corina Rössner, uma das curadoras da mostra, que reúne muitos produtos antigos, que já não são mais fabricados e por isso são muitas vezes difíceis de encontrar. Numerosas peças só puderam ser resgatadas após muita pesquisa.
"Colecionamos móveis da Ikea desde o final dos anos 1980 – claro que de forma muito seletiva. Metade das peças vem de nossa coleção, outra parte vem do Museu Ikea na Suécia", explica. Até funcionários da Ikea colocaram à disposição móveis que já se encontram fora de catálogo. Afinal, a cada ano surgem entre 9 mil e 10 mil novos produtos no catálogo da loja.
"Eu tenho um original"
O próprio público passa a fazer parte de uma grande "comunidade do design". Afinal, trata-se de uma exposição na qual todos podem dizer "Eu tenho um original". Mesmo que na maioria dos casos será apenas um exemplar da prateleira branca Billy neutra e com um sistema que permite combiná-las e adaptá-las a qualquer ambiente: um clássico com 28 milhões de unidades vendidas.
A estratégia de marketing da companhia de batizar suas linhas de produto com nomes exóticos escandinavos atingiu em cheio os consumidores, que parecem preferir comprar um Gutvik ou um Kvart a simplesmente um armário ou um lustre.
Mas isso explica só em parte o enorme sucesso da empresa, que começou expandindo-se apenas pela Europa e hoje já está presente também nos Estados Unidos e na Ásia. Os móveis possuem um design simples, são muitas vezes feitos de bétula e recentemente também de um composto ecológico.
Designers famosos como Verner Panton já trabalharam para a Ikea, além de novos expoentes do design escandinavo. Mas são principalmente os preços em conta que conferem à Ikea seu caráter "democrático".
Receita de sucesso
Ingvar Kamprad, inventor e fundador da Ikea, que aos 17 anos vendia todo tipo de bugiganga, como lápis e palitos de fósforo, descobriu que sua especialidade eram móveis, especialmente aqueles que podiam ser vendidos dentro de uma caixa de papelão plana. A princípio, eles eram enviados apenas pelo correio, mais tarde passaram a poder ser recolhidos na loja e montados em casa.
A Ikea aperfeiçoou um conceito que já existia no começo do século 20, o de criar móveis funcionais e que pudessem ser fabricados industrialmente. Hoje existem 292 filiais da loja, e Ingvar Kamprad é um dos homens mais ricos do mundo.
Autora: Renate Heilmeier
Revisão: Augusto Valente