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PF estende Lava Jato para Ministério do Planejamento

13 de agosto de 2015

Consist Software, de ex-vereador do PT Alexandre Romano, teria recebido 52 milhões de reais de empresas que concediam empréstimos consignados por meio do ministério.

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Foto: picture-alliance/dpa/M. Brandt

A Polícia Federal (PF) deu início nesta quinta-feira (13/08) à 18ª fase da Operação Lava Jato e afirmou ter identificado um esquema de pagamentos de valores ilícitos referente à concessão de empréstimos consignados a servidores federais, por meio do Ministério do Planejamento (MP).

"Até agora, a Lava Jato apresentou provas de corrupção consistentes na Petrobras e suas subsidiárias, na Caixa Econômica Federal e na Eletrobras. Mas, depois dessa nova fase, verificamos que esse grande esquema ilícito transbordou as fronteiras e espraia seus efeitos para o Ministério do Planejamento", afirmou o procurador da República Robson Henrique Pozzobon.

Como parte da 18ª fase da operação, denominada Pixuleco 2, a PF executou mandados de busca e apreensão em Brasília, Porto Alegre, São Paulo e Curitiba e prendeu temporariamente o ex-vereador de Americana Alexandre Romano (PT).

De acordo com as investigações, a empresa Consist Software, administrada por Romano, recebia uma taxa mensal das empresas que ofereciam crédito consignado por meio do Ministério do Planejamento. Estima-se que a Consist tenha recebido 52 milhões de reais entre 2010 e 2015. A maior parte desse valor foi repassada ao PT por meio do lobista Milton Pascowitch, segundo a PF.

Conforme as investigações, a Consist recebia aproximadamente 1,50 real para cada contrato de empréstimo consignado assinado pelas empresas de crédito. "Era como se fosse uma taxa de administração, que equivale a 3,5 milhões de reais por mês", disse o delegado da PF Mário Ancelmo Lemos.

A Pixuleco 2 foi iniciada a partir dos depoimentos de delação premiada do lobista Milton Pascowitch, um dos operadores do esquema de corrupção na Petrobras. Ele relatou ter sido procurado pelo ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto, preso na Lava Jato, para intermediar o pagamento de propina de empresas do Grupo Consist Software para o PT. Em troca, Pascowitch receberia uma comissão de 15%. Vaccari nega participação no esquema.

Segundo Pozzobon, depoimentos dos gestores da Consist permitiram identificar o repasse de mais cerca de 40 milhões de reais a empresas de fachada e escritórios de advocacia indicados por Romano e nos quais ele figurava como sócio.

Para os investigadores, o esquema revelado hoje no MP tem ligação "visceral" com o esquema de superfaturamento de contratos na Petrobras.

A Operação Lava Jato foi desencadeada pela PF e pelo Ministério Público Federal em março de 2014. A 18ª fase é um desdobramento da etapa anterior, chamada de Pixuleco, na qual o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu foi preso sob suspeita de ter se beneficiado de desvios de dinheiro na Petrobras.

LPF/abr/lusa