Passeata em Moscou lembra morte de oposicionista russo
27 de fevereiro de 2016Milhares de pessoas marcharam pelo centro de Moscou neste sábado (27/02) para lembrar o primeiro aniversário do assassinato do ex-líder da oposição russa Boris Nemtsov, morto a tiros quando passava a pé por uma ponte próxima ao Kremlin.
A oposição afirma que a passeata reuniu mais de 20 mil participantes, enquanto o Ministério do Interior russo estimou o número em cerca de 7,5 mil.
O ex-vice-primeiro-ministro era um dos principais críticos do presidente Vladimir Putin e, principalmente, da política do Kremlin em relação à Ucrânia.
Em março, os investigadores prenderam cinco radicais muçulmanos chechenos. Eles confessaram terem sido contratados para matar Nemtsov. O mandante do crime, porém, ainda é desconhecido.
O crime ocorrido tão perto do centro do poder russo assustou e irritou seguidores da oposição. Nemtsov, que fora vice-premiê durante a presidência de Boris Yeltsin, era uma figura carismática e um crítico veemente de Putin.
Em uma década e meia de Putin no poder, os grupos de oposição têm vivido sob forte pressão, criticados como marionetes do Ocidente. A permissão para manifestações é frequentemente negada. Muitos partidários da oposição dizem que mesmo se Putin não teve envolvimento direto na morte de Nemtsov, ele tem a responsabilidade por incentivar um autoritarismo truculento.
A administração de Moscou negou aos organizadores da marcha permissão para realizar uma procissão até a ponte, mas deu permissão para uma outra rota no centro de Moscou. Alguns manifestantes também visitaram a ponte. Na manhã de sábado, o embaixador dos EUA John Tefft colocou uma coroa de flores na ponte, para, segundo ele, expressar a esperança de que "alguns dos sonhos que Boris Nemtsov tinha se tornem realidade na Rússia."
Investigações
O suspeito de ter disparado contra Nemtsov serviu como oficial nas forças de segurança do líder checheno apoiado por Moscou, Ramzan Kadyrov. A investigação oficial não foi capaz de identificar quem ordenou o crime, e ativistas da oposição liberal russa criticaram o Kremlin pelo fracasso em encontrar o mandante. No início desta semana, o líder da oposição Ilya Yashin divulgou um texto acusando Kadyrov de envolvimento no assassinato e exigindo a sua renúncia.
Kadyrov, cujo mandato termina no início de abril, rejeita a acusações. "A liderança do país precisa encontrar uma outra pessoa, para que o meu nome não seja utilizado contra o meu povo", disse neste sábado, em pronunciamento televisionado. "Meu tempo já passou", acrescentou.
Putin tem contado com Kadyrov para estabilizar a Chechênia após duas guerras separatistas. Os privilégios de Kadyrov e suas posições desafiadoras lhe renderam inúmeros inimigos entre as autoridades russas. Líderes têm pressionado pela demissão do político.
MD/ap/dpa