Grafite
1 de maio de 2010"O Brasil, claro", é o país para o qual Edinaldo Batista Libânio vai torcer na Copa do Mundo na África do Sul. Mais conhecido como Grafite, a estrela brasileira na Bundesliga nasceu em 2 de abril de 1979, em Jundiaí, São Paulo, e cresceu em Campo Limpo Paulista.
Campeão alemão com o Wolfsburg, equipe da cidade da Volkswagen, no norte da Alemanha, em 2009, Grafite foi também o artilheiro do campeonato, com 28 gols.
Brasil será primeiro do grupo
Para Grafite, o Grupo G, do Brasil, é um grupo difícil, principalmente por causa de Portugal, cujo futebol, segundo o jogador, é muito parecido com o do Brasil e "tem grandes talentos individuais e coletivos".
Em sua opinião, a Costa do Marfim, outra adversária no grupo, é uma das grandes forças africanas, ao lado de Gana e África do Sul, por estarem jogando praticamente em casa. A Coreia do Norte, "incógnita do grupo, tanto pode surpreender como pode ser presa fácil". Acho que todo cuidado é pouco, mas creio que o Brasil se classifica em primeiro do grupo, aposta o atacante. Em sua opinião, a briga pelos quatro primeiros lugares será entre Brasil, Espanha, Itália e talvez a Inglaterra.
Questionado sobre que equipes poderão surpreender na África do Sul, Grafite cita, além dos times africanos, os ingleses, "talvez pelo próprio [Fabio] Capello, que esta à frente da Inglaterra".
Expectativa em relação à seleção brasileira
Grafite considera um grande avanço o fato de estar em uma espécie de lista de reserva do técnico Dunga. "Até dois meses atrás, eu não tinha nem sido relacionado. E agora, depois desta última convocação [em março, no amistoso contra a Irlanda, fez um gol para o Brasil], estar sendo cogitado é uma gratificação muito grande. Sei que se surgir uma dúvida no ataque do técnico Dunga, o meu nome será lembrado".
Brasil é para passar férias
A praia é o que mais lhe faz falta na Alemanha. "Se tivesse uma prainha aqui em Wolfsburg, seria bom", diz, sorrindo. Também o inverno intenso e prolongado é considerado por Grafite como desvantagem da vida na Alemanha.
"Com o restante das coisas a gente se adapta e vai vivendo", conta o jogador, que só vai ao Brasil para passar férias e rever familiares. "Lógico que acompanho tudo que acontece no Brasil, no dia-a-dia, a economia, as pessoas, o esporte, mas minha vida hoje é aqui na Alemanha, até porque tenho mais três anos e meio de contrato no Wolfsburg." A Alemanha é um país que eu aprendi a gostar muito, complementa.
Em relação a ser jogador profissional nos dois países, Grafite diz que a diferença se vê na arquibancada, pois o jogador na Alemanha é mais respeitado. "No futebol brasileiro, há muito mais paixão. O futebol no Brasil é quase uma religião. Tem torcedor gritando, xingando, chorando. Aqui na Alemanha não. Aqui o público vai para assistir a um espetáculo."
Cultura do respeito
Grafite gosta do respeito demonstrado ao jogador na Alemanha. "Nunca no Brasil você vai ver um time perder em casa de 2 a 0 e o torcedor aplaudir. No Brasil, se você perde de 3 ou 4 a 0 em casa, o torcedor quer te xingar. Já teve situações de torcedores quebrarem vidro de carro. Já tive de sair escondido do estádio, com a toalha na cabeça."
Aqui, eles respeitam e admiram mais o profissional, não apenas os ídolos, compara. "Seja na terceira, quarta divisão, o jogador recebe o mesmo respeito e o mesmo carinho que o da Primeira Divisão. Isso é o importante, a cultura, o respeito."
Por outro lado, dentro de campo, Grafite considera as situações semelhantes. Segundo ele, o futebol brasileiro é mais cadenciado, tem mais toques de bola. Já na Alemanha exige-se mais força e mais tática.
Campanhas contra racismo
Vítima de um ataque racista em 2005, que levou à prisão do zagueiro argentino Leandro Desábato, Grafite considera de grande importância o trabalho preventivo realizado com as torcidas nos clubes alemães.
"No Brasil existe muito trabalho do clube em si para atrair mais torcedores", avalia Grafite, que elogia o trabalho "de educação, de respeito, que você vê nas próprias campanhas contra o racismo aqui na Alemanha".
Ele critica que no Brasil o engajamento contra o racismo se restringe a datas históricas, como o dia da libertação dos escravos e o dia da consciência negra.
No Wolfsburg desde 2007, Grafite já está na Europa desde 2003, quando veio para o francês Le Mans. Antes disso, atuou pelo São Paulo, Goiás, o sul-coreano Anyang Cheetahs, Grêmio, Santa Cruz, Ferroviária e Matonense, onde começou em 1999.
Do gaúcho Grêmio ele guarda recordações: "O Grêmio é um dos grandes clubes do futebol brasileiro pelos quais joguei. Não tive uma história muito boa lá, não consegui apresentar meu futebol, mas é uma equipe que admiro muito, torço bastante. É um clube pelo qual eu tenho um carinho especial porque joguei lá e por Porto Alegre ser uma cidade maravilhosa".
Armado contra o Santos
Grafite acompanha regularmente o futebol brasileiro e se diz surpreso com o desempenho do Santos e de Neymar. "Neymar é o grande jogador do futebol brasileiro em 2010. Sem dúvida, junto com Robinho, ele é o carro-chefe dessa garotada do Santos, que vem dando outra dinâmica, outra visão ao futebol. O futebol hoje tem um nível técnico e tático tão alto que, quando aparecem jogadores desse nível como o Neymar, Messi, Robinho, os torcedores veem alegria no futebol novamente".
E guarda um conselho para Neymar: "A gente espera que ele não se perca no seu caminho e que continue jogando esse futebol com humildade". E como se pode derrotar o Santos, hoje? Grafite brinca: "Contra o Santos, não tem jeito. Se você joga na defesa, você perde, se vai para o ataque, você perde. Não tem como ganhar da molecada. Só se entrar armado no campo".
Autora: Roselaine Wandscheer
Revisão: Soraia Vilela