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Oposição desafia governo nas ruas da Nicarágua

18 de abril de 2019

Um ano após início de atos pela renúncia do presidente Daniel Ortega, coalizão opositora denuncia prisão de 67 manifestantes. Autoridades vetaram marcha sob alegação de que organizadores perturbaram a ordem pública.

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Mulher levanta bandeira da Nicarágua enquanto é observada, ao fundo, pela tropa de choque da polícia
Polícia negou prisões de manifestantesFoto: AFP/Getty Images

Na Nicarágua, opositores se mobilizaram nesta quarta-feira (17/04) para protestar contra a repressão e as prisões ocorridas desde o início das manifestações contra o governo do presidente Daniel Ortega, há um ano. No entanto, a polícia impediu os manifestantes de marchar nas ruas e, segundo os organizadores, houve ao menos 67 detenções. 

"Liberdade para os presos políticos", "democracia sim, ditadura não" e "o povo unido jamais será vencido" foram algumas das frases de efeito gritadas por manifestantes em grupos dispersos na rota em que inicialmente era para ser realizada a marcha "Todos somos abril" – em alusão ao aniversário de um ano dos protestos pedindo a renúncia de Ortega.

A coalizão opositora Unidade Nacional Azul e Branco (Unab) comunicou que 67 pessoas foram presas – entre elas o jornalista Abixael Mogollón, detido durante a cobertura do evento e libertado horas depois, juntamente com outras três mulheres. Em seu depoimento, Mogollón relatou ter sofrido tortura e que seus pertences foram apreendidos pela Polícia Nacional.

Manifestantes em grupos de entre 100 e 200 pessoas foram retidos em vários pontos pela polícia e por forças especiais, que portavam fuzis e mantinham ligadas as sirenes das patrulhas.

A polícia negou permissão ao protesto sob a alegação de que seus organizadores "estiveram envolvidos em sérios distúrbios à ordem pública" no passado.

A Polícia Nacional, por intermédio de uma declaração, afirmou que "não houve incidentes ou prisões no decorrer de uma atividade não autorizada convocada por agências sem personalidade jurídica". No comunicado, também divulgado pelo Executivo e dirigido à comunidade internacional, a Polícia Nacional declarou "que ninguém foi preso ou transferido para unidades policiais".

O incidente ocorreu na véspera do primeiro aniversário do início das manifestações populares, 18 de abril de 2018, e três semanas após o governo nicaraguense ter se comprometido a participar de negociações para solucionar a crise.

Também nesta quarta-feira, os Estados Unidos anunciaram novas sanções ao Banco Corporativo (BanCorp) da Nicarágua e a Laureano Ortega Murillo, filho do presidente Ortega e da vice-presidente Rosario Murillo, "que foi preparado como sucessor do regime", conforme comunicou o conselheiro de Segurança nacional da presidência americana, John Bolton.

"Estamos visando os bolsos da família Ortega, que continua vivendo da miséria do povo nicaraguense", disse Bolton à imprensa, em Miami.

O Departamento do Tesouro dos EUA "está sancionando Laureano Ortega Murillo e BanCorp por seus papéis na corrupção e lavagem e dinheiro para benefício pessoal do regime de Ortega", explicou via comunicado Sigal Mandelker, subsecretário do Tesouro para Terrorismo e Inteligência Financeira.

A repressão aos protestos iniciados em 18 de abril de 2018 mergulhou a Nicarágua numa grave crise política e econômica. Segundo dados do Banco Central, o Produto Interno Bruto (PIB) sofreu uma contração de 3,8%, e o país perdeu 294 mil postos de trabalho.

Ortega, um ex-guerrilheiro de 73 anos, governa a Nicarágua desde 2007 e é acusado pela oposição de corrupção e de, junto de sua esposa, estabelecer uma ditadura.

PV/lusa/efe/afp

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