Opositora em Belarus diz ter recebido ameaça de morte
10 de setembro de 2020Maria Kolesnikova, uma proeminente ativista da oposição de Belarus, acusou nesta quinta-feira (10/09) agentes do regime de Alexander Lukashenko de sequestro e ameaça de morte.
Ela afirmou, em queixa formal divulgada por sua advogada, que na madrugada de terça-feira homens dos serviços estatais de segurança bielorrussos colocaram um saco em sua cabeça e a levaram para a fronteira com a Ucrânia. Ela acabou resistindo a uma deportação forçada e acabou sendo presa.
"Eles ameaçaram me matar", disse Kolesnikova, de 38 anos. "Eles afirmaram que se eu me recusasse a deixar o território de Belarus voluntariamente, eles me tirariam do país de qualquer maneira – viva ou em pedaços", acusou a oposicionista, através de nota escrita na prisão e divulgada pela advogada. "Eles também ameaçaram me prender por até 25 anos."
Kolesnikova afirmou estar encaminhando denúncia formal, exigindo que as autoridades do país investiguem agentes da KGB e do serviço de segurança bielorrusso por sequestro, detenção ilegal e ameaça de morte. Segundo sua advogada, Lyudmilla Kazak, a ativista cita os nomes dos agentes responsáveis por ameaçá-la e colocar um saco em sua cabeça e ressalta que pode reconhecê-los numa acareação. Mesmo após a queda da União Soviética, o serviço de inteligência russo manteve a sigla KGB.
Ativistas da oposição no país enfrentam pressão nesta semana, em meio a uma série de detenções e sequestros de lideranças oposicionistas, enquanto completou um mês desde que começaram as manifestações massivas contra a reeleição do presidente bielorrusso, Alexander Lukashenko, para um sexto mandato.
A oposição rejeita os resultados do pleito de 9 de agosto, e os manifestantes exigem a renúncia de Lukashenko, que está no poder há 26 anos e é conhecido como "o último ditador da Europa".
Kolesnikova é uma das lideranças que integram o Conselho de Coordenação, criado pela oposição para pressionar o governo a promover uma nova votação. Ela foi detida na segunda-feira e no dia seguinte rasgou seu passaporte na fronteira entre a Ucrânia e Belarus para evitar sua expulsão.
A ativista continua presa na capital bielorrussa, Minsk. Ela está sendo acusada, juntamente com o advogado oposicionista Maxim Snak, de atentar contra a segurança nacional, numa investigação criminal contra os membros do Conselho de Coordenação. Caso condenados, estão sujeitos a até cinco anos de prisão.
Todos os membros do conselho, exceto a escritora Svetlana Alexievich, ganhadora do Prêmio Nobel de Literatura de 2015, foram presos ou retirados à força do país.
Homens não identificados tentaram entrar na quarta-feira no apartamento de Alexievich em Minsk. Diplomatas de vários países europeus se reuniram em frente ao imóvel, conseguindo evitar a detenção da autora.
MD/afp/ap/dpa/rtr