Belarus tem quarto domingo seguido de protestos antigoverno
6 de setembro de 2020Dezenas de milhares de pessoas marcharam na capital de Belarus, Minsk, e em outras cidades do país neste domingo (06/09), exigindo a renúncia do presidente bielorrusso, Alexander Lukashenko, em manifestações maciças que não mostram sinais de enfraquecimento quase um mês após uma eleição presidencial criticada pela oposição como fraudada.
Pelo quarto domingo seguido, manifestantes desafiaram o aviso do governo de que reagiria com vigor aos protestos, acenando bandeiras vermelhas e brancas da oposição. No domingo anterior, mais de 100 mil marcharam em Minsk. Veículos de imprensa falaram em pelo menos 100 mil manifestantes desta vez na capital.
A polícia de choque esteve presente no centro da cidade com armamento pesado, carros blindados e veículos com canhões de água. A Praça da Independência, tradicional local de manifestações, foi totalmente interditada pelas forças de segurança, com cercas de metal, barricadas e arame farpado.
Diversas estações de metrô permaneceram fechadas no centro de Minsk, e mídias locais reportaram sobre interrupções da internet móvel na capital bielorrussa. Um dos principais operadores de telefonia celular do país informou que as limitações foram implementadas por "ordem de órgãos estatais autorizados".
O grupo de direitos humanos Spring-96 disse que pelo menos 70 pessoas foram presas. A agência de notícias russa Interfax informou que várias pessoas ficaram feridas quando a polícia interrompeu um protesto diante de uma fábrica estatal de tratores.
O centro para direitos humanos Vesna informou terem ocorrido mais de 130 detenções em todo país. Vídeos mostram forças de segurança colocando sobretudo homens em ônibus da polícia.
Imagens de vídeo divulgadas pela plataforma Tut.by mostraram mulheres gritando "vergonha" enquanto membros mascarados das forças de segurança arrastavam pessoas para a detenção.
Em outras cidades também houve manifestações. Em Brest e Grodno, houve relatos de que homens uniformizados de preto dispersavam as manifestações e prenderam muitas pessoas.
A população protesta há quase um mês em Belarus, pedindo a renúncia de Lukashenko, que governa há 26 anos a ex-república soviética. Ele afirma ter vencido as eleições de 9 de agosto com uma margem de 80%. A União Europeia não reconhece a votação.
Cerca de 7 mil pessoas foram presas nos protestos e acusaram ter sofrido espancamento e tortura. Jornalistas, incluindo de meios de comunicação estrangeiros, também foram presos na repressão e tiveram seu trabalho dificultado. A líder oposicionista Svetlana Tikhanovskaya partiu para a Lituânia por medo da repressão em seu país, após concorrer à presidência.
O ministro do Exterior alemão, Heiko Maas, ameaçou um acirramento das medidas punitivas contra Lukashenko. "Não reconhecemos, como a União Europeia, a eleição e decidimos por sanções", disse. "Se Lukashenko não reagir, haverá mais sanções", acrescentou o político, em entrevista publicada neste domingo pelo jornal Bild am Sonntag.
"Exijo de Lukashenko que ele negocie com a oposição, que haja nova eleição e que Lukashenko pare imediatamente de deter manifestantes pacíficos e submetê-los a maus-tratos, que respeite os direitos humanos e a liberdade de imprensa", cobrou Maas.
MD/dpa/afp/rtr