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Recessão exige cautela

15 de janeiro de 2009

O índice de crescimento da economia alemã sofreu uma forte queda em 2008. A Alemanha enfrenta uma grave recessão, por isso é preciso agir com prudência, opina Karl Zawadzky.

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A Alemanha nunca enfrentou uma queda na conjuntura como esta por que está passando desde o segundo trimestre de 2008. O único consolo é que, apesar de tudo, a economia ainda cresceu. O Produto Interno Bruto (PIB) aumentou 1,3%. Não é muito, mas mesmo assim.

DW Experte Karl Zawadzky
Karl ZawadzkyFoto: DW

Mas este número mediano esconde o fato de o cenário econômico ter mudado de forma extremamente rápida e intensa. O crescimento do desempenho econômico se deu exclusivamente no primeiro trimestre. Isto é: trata-se principalmente de excedentes de 2007.

De fato, já haviam passado os tempos de força econômica. Seu auge havia sido atingido com o ciclo conjuntural de 2006, com um crescimento econômico de 3%.

A partir daí, começou o declínio. Primeiro, enfraqueceu o crescimento econômico, depois caiu o desempenho da economia. Desde o último trimestre de 2008, a economia alemã está em recessão.

Quase diariamente ouvem-se más notícias vindas das empresas ou dos diferentes setores econômicos. Milhares de trabalhadores da indústria automobilística foram atingidos por jornadas reduzidas de trabalho; a indústria mecânica enfrentou uma queda de 30% nas encomendas.

Mesmo boas notícias têm um fundo negativo. Como por exemplo, o aumento do número de clientes das cadeias de supermercados baratos. Isso pode ser positivo para Aldi, Lidl e outros do ramo, mas significa que cada vez mais pessoas se preparam para tempos de pouco dinheiro – seja por causa da redução da jornada de trabalho, do desemprego ou do fim do dinheiro a mais que estavam acostumados a obter através de horas extras.

A estagnação no consumo privado, que já dura bastante tempo, é fortalecida pela retração nas compras e pelo medo de gastar. Se o futuro da economia é incerto, as pessoas preferem economizar.

Acima de tudo, a Alemanha vive agora o reverso de seu êxito no mercado mundial. Durante várias décadas, as exportações cresceram de recorde para recorde. Não só o volume das exportações aumentava, mas também a participação alemã no comércio mundial. Também o euro forte prestou sua contribuição para que a Alemanha conquistasse o título de campeã mundial de exportações.

O país tornou-se não só líder mundial de vendas ao exterior, como também alcançou a maior cota de exportações, que está claramente acima dos 40%. Isto é: mais de dois euros de cada cinco são lucrados no exterior; 9 milhões – ou seja, um quarto dos postos de trabalho – dependem das exportações.

Em alguns setores econômicos, como a indústria automobilística ou a de construção de máquinas, o percentual de exportações é de 70% a 80%. Em algumas empresas, como as especializadas na construção de máquinas, ele chega a mais de 90%. Isto é: quando a economia mundial tosse, tais setores e empresas sofrem de pneumonia.

O governo alemão não conseguirá compensar a queda das exportações com pacotes conjunturais. Também é questionável se o pretendido estímulo ao consumo interno dará certo.

Por outro lado, a recuperação e a ampliação da infraestrutura deverão abrandar o declínio. Também os investimentos em escolas e universidades deverão fortalecer as bases econômicas do país.

Pois é certo: após cada recessão, por mais longa e profunda que seja, segue-se o crescimento. Por isso é correto que as empresas tentem, em primeiro lugar, evitar demissões e contornar a crise com jornadas reduzidas de trabalho.

Também é apropriado fortalecer os investimentos em pesquisa e desenvolvimento justamente nos setores mais atingidos. Pois é na crise que se estabelecem as bases para futuros êxitos. (rw)

Karl Zawadzky é editor de economia do programa em alemão da DW-RADIO.