Há décadas que jornalistas e filiados chamam carinhosamente o SPD de "velha tia", mas nunca o termo foi tão preciso como hoje. Porque tias velhas são agradáveis, têm muito o que contar, e as pessoas gostam de beber licor com elas ou comer a gostosa torta de maçã que fazem – mas, de resto? Ninguém as leva mesmo a sério porque já estão meio defasadas. E logo não estarão mais por aí.
Tradição e méritos históricos não contam pontos na política. Um partido e seus candidatos recebem votos porque as pessoas esperam deles algo para o futuro, porque oferecem liderança e metas claras. E porque compreendem os problemas e as preocupações de seus eleitores aqui e agora. Tudo isso, no entanto, tem faltado há anos ao SPD.
Só um exemplo: de acordo com todas as pesquisas, a área temática migração e refugiados é, de longe, a que mais preocupa os alemães. O eleitorado clássico do SPD, que não está entre os que têm a maior renda no país, preocupa-se também com moradias a preços acessíveis, o que anda difícil, principalmente nas grandes cidades. E o que o partido faz? Eleva a reunificação familiar dos refugiados a questão central das negociações de coalizão! Assim é, portanto, compreensível que o declínio do SPD seja acompanhado pela ascensão dos populistas de direita da AfD – muitas vezes naqueles distritos eleitorais onde o SPD já foi bem forte.
Não que essa tendência necessariamente vá se manter. Ninguém sabe melhor que o SPD que pesquisas de opinião semanais refletem estados de ânimo altamente voláteis. Quem não se lembra da ascensão e queda meteóricas de popularidade de Martin Schulz, há pouco mais de um ano?
Mas está claro que, no momento, eleições antecipadas seriam um desastre para o SPD. Isso deveria estar claro também para todos aqueles que pregam a rejeição de uma "grande coalizão" na votação dos membros do SPD e que acreditam que uma renovação do partido só é possível na oposição. Bobagem. Os conservadores da CDU acabam de dar o exemplo. Ninguém lá pretende abrir mão da chancelaria, embora muitos tenham percebido que simplesmente dar continuidade à política de Angela Merkel já não é garantia para se obter maioria.
Porém, a indicação de Annegret Kramp-Karrenbauer para nova secretária-geral do partido também mostra: esta não improvável sucessora de Merkel certamente não fará uma mudança completa de curso. Ainda assim, um tom mais conservador, de cuja ausência tantos eleitores tradicionais da legenda se ressentem há anos, voltará com ela.
Novas eleições neste momento só ajudariam a AfD, que – como alega a liderança da legenda – nem mesmo tem a intenção de governar. E é precisamente aí que está o drama da recente sondagem: o SPD cai drasticamente, o bloco conservador CDU/CSU não consegue ganhar novos votos, e assim não haveria mais assentos suficientes para uma nova "grande coalizão". E esta seria a ironia da história: um país em gigantesca prosperidade, com uma economia em crescimento, e que mesmo assim não consegue encontrar uma maioria política para formar um governo.
Dar um "não" ao novo governo seria, para os membros do SPD, algo como optar pelo suicídio por medo da morte. Portanto, queridos social-democratas, tenham pelo amor de Deus coragem e autoconfiança! Governem e mostrem o que vocês sabem fazer. Muitos estados e cidades deste país comprovam que vocês têm capacidade. E assumam os sucessos de vocês – assim os eleitores vão de novo recompensá-los!
Já houve uma vez – na primavera de 1990 – em que o SPD cometeu um erro histórico, quando se recusou a incorporar os membros do antigo partido estatal da Alemanha Oriental, o SED. Até hoje, o SPD sofre as consequências dessa decisão – na existência do partido A Esquerda, que tem mais de 10% dos votos. O SPD não sobreviveria a um segundo erro dessa dimensão – isso seria, mesmo, a morte da velha tia.