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Lockdown se tornou inevitável na Alemanha

14 de dezembro de 2020

Alemanha puxa o freio de mão pela segunda vez para conter a covid-19. Novas restrições são necessárias em vista do aumento no número de infecções e mortes. Situação exige solidariedade de todos, opina Marcel Fürstenau.

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Vitrine com cartazes em alemão de que loja vai fechar
A partir de 16 de dezembro, só estabelecimentos essenciais permanecerão abertosFoto: Hannibal Hanschke/REUTERS

A chanceler feeral da Alemanha, Angela Merkel, subestimou os riscos da covid-19. No final de setembro, circularam rumores de que a política democrata-cristã teria advertido em uma conferência de seu partido que até o Natal haveria no país mais de 19 mil novas infecções diárias. Muitos consideraram isso alarmismo. Hoje, os críticos e a própria Merkel ficariam maravilhados se o prognóstico deles tivesse se revelado como exagerado.

Infelizmente, o oposto é verdadeiro. O Instituto Robert Koch já está registrando quase 30 mil testes positivos por dia. E o que deve deixar mesmo os mais obstinados minimizadores da pandemia pensativos e assustados é o número de mortes: em meados de novembro, o total era de 12 mil, e em 13 de dezembro quase 22 mil pessoas haviam morrido na Alemanha com ou por causa do novo coronavírus. O número quase duplicou em um mês. Quem não reconheceu os sinais dos tempos, realmente não tem mais jeito.

Uma espiada nos hospitais deveria bastar

Em vista desse desenvolvimento dramático, o novo lockdown decidido pelo governo federal com os 16 estados é absolutamente a decisão certa. Quem discorda deve dizer isso na cara dos funcionários de hospitais, lares de idosos e do serviço de assistência domiciliar, que lutam com sacrifício por cada vida. E justificar por que não acha tudo tão ruim assim.

A situação em que a Alemanha se encontra na luta contra a covid-19 exige a solidariedade de todos. E empatia pelos afetados direta e indiretamente. Presunção, dogmatismo e imprudência são inadequados.

Especialmente nos dias de hoje. Se há algo como conforto e confiança que podem ser conquistados com as ações dos responsáveis políticos, isso se deve a sua agora unidade generalizada. Infelizmente, isso raramente vinha sendo o caso nas últimas semanas e meses.

Aprender com os erros

Mas agora não é a hora de uma contabilidade mesquinha sobre quando quem fez o que errado. É importante aprender as lições necessárias com os erros do passado. Exibir-se às custas dos outros está fora de questão. O povo na Alemanha já aguentou bastante e ainda se continua esperando muito dele. De acordo com pesquisas, a disposição para fazer sacrifícios continua grande.

Os políticos fariam bem em honrar a compreensão da grande maioria com franqueza e honestidade. Isso inclui pedir à população que entenda agora, e não deixe para depois, as restrições e determinações que podem durar muito, muito mais. Porque esperar que a situação relaxe visivelmente até 10 de janeiro – data até quando deve durar o lockdown − continua sendo uma esperança quase desesperada.

Há muitos indícios de que essa esperança poderia ser frustrada. Afinal, o inverno na Alemanha vai até março. E as vacinações ainda nem começaram.

O bloqueio parcial imposto no início de novembro se esvaiu sem efeito. Essa é a amarga realidade. Por isso, o difícil lockdown decidido agora é inevitável. Talvez, em retrospecto, se possa dizer na primavera europeia que os políticos alemães fizeram tudo certo no dia 13 de dezembro. Seria bom, mas ninguém pode ou deve estar certo disso.

 

Marcel Fürstenau
Marcel Fürstenau Autor e repórter de política e história contemporânea, com foco na Alemanha.