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Mercado de trabalho

12 de agosto de 2010

Estudo revela que trabalhadores jovens estão entre as maiores vítimas da crise mundial. A taxa de desemprego de pessoas entre 15 e 24 anos atingiu recorde de 81 milhões, alerta a Organização Internacional do Trabalho.

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Recessão dificulta entrada no mercado de trabalhoFoto: picture-alliance/dpa

A taxa global de desemprego entre jovens de 15 a 24 anos atingiu o número recorde de 81 milhões de indivíduos em 2009 em consequência da crise econômica, criando uma potencial "geração perdida". É o que afirma um relatório apresentado pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) nesta quinta-feira (12/08), dia em que começa o Ano Internacional da Juventude das Nações Unidas.

Esse índice cresceu duas vezes mais rapidamente que o relativo à população adulta. No final de 2009, 13% dos jovens do mundo estavam sem emprego, o que corresponde a um crescimento de 1,1 ponto percentual (7,8 milhões de indivíduos) em relação a 2007.

"Esta é a maior taxa de desemprego internacional entre jovens que a OIT já detectou", afirmou Sara Elder, coautora do documento, intitulado Tendências Globais de Desemprego. Mulheres foram ligeiramente mais atingidas que homens: em 2009, o desemprego entre moças chegou a 13,2%, enquanto o verificado entre rapazes foi de 12,9%.

O estudo alertou que, apesar do leve crescimento previsto para 2011, a recuperação do mercado de trabalho para jovens deve ser mais fraca que o crescimento de oportunidades para adultos.

"Os jovens são o motor do desenvolvimento econômico", afirmou Juan Somavia, diretor geral da OIT, agência ligada às Nações Unidas. "Abrir mão deste potencial seria um desperdício econômico e poderia minar a estabilidade social", declarou.

Os autores do estudo destacaram que, mesmo com uma boa formação, os jovens estão encontrando mais dificuldades para entrar no mercado de trabalho do que antes. Também os salários e as condições de trabalho para os que encontram emprego sofreram uma piora. "Eles fazem tudo certo e só encontram portas fechadas", afirmou Elder.

OIT teme surgimento de "geração perdida"

A pesquisa revelou evidências de que alguns jovens foram tão desencorajados que estavam abadonando o mercado de trabalho em países desenvolvidos e em algumas nações emergentes.

Ausbildung zum Elektroingenieur in Deutschland
OIT pede mais incentivos a jovens trabalhadoresFoto: AP


A OIT teme até mesmo a formação de uma "geração perdida, constituída por jovens que abandonaram o mercado de trabalho e perderam todas as esperanças de conseguir garantir uma subsistência digna para si".

Nações em desenvolvimento são responsáveis por 90% da população mundial de jovens, que são ainda mais vulneráveis ao subemprego e à pobreza na economia informal, de acordo com a OIT. "Nesses países, os jovens não têm outra opção a não ser ir trabalhar. E vivem muitas vezes em extrema pobreza", afirmou Steven Kapsos, analista da OIT.

Cerca de 152 milhões de jovens – o correspondente a 28% da população mundial de jovens economicamente ativos – trabalham, mas nunca ganham o suficiente para sair da linha da pobreza.

No entanto, o relatório concluiu que 45% do aumento do desemprego entre jovens nos dois anos enfocados na investigação atingiu países desenvolvidos, que abrigam somente 10% da força global de trabalho jovem. Os mais atingidos foram os países da Europa central, do Leste Europeu e do sul da Europa, como Estônia, Letônia, Lituânia e Espanha.

Nos EUA, o desemprego entre jovens cresceu oito pontos percentuais, atingindo 18% no período pesquisado.

Jovens alemães relativamente pouco atingidos

Na Alemanha, por mais que tenha sido registrado um aumento de 40% entre 2000 e 2009, a quota de 11% de desemprego entre jovens ainda pode ser considerada relativamente moderada na comparação internacional.

No grupo das economias desenvolvidas e da União Europeia, a taxa chegou a 17,7% em 2009, o que corresponde ao nível mais alto desde 1991, afirmou Sara Elder. Em alguns países, entre eles a Espanha, o índice chegou a valores recordes de 20%.

A OIT apelou aos governos para que mantenham seus programas de incentivo profissional à população jovem, apesar dos cortes no setor público realizados no período pós-crise. Segundo Elder, cortar tais medidas de estímulo poderia ter graves consequências sociais.

Autor: MD/afp/dpa

Revisão: Rodrigo Rimon