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O que significa o novo rebaixamento da nota brasileira?

Fernando Caulyt24 de fevereiro de 2016

Moody's acompanha outras duas agências de classificação de risco e retira o selo de bom pagador do Brasil. Entenda o que levou à decisão e o que o movimento significa para a economia nacional.

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Foto: picture-alliance/dpa/J. Alves

A agência de classificação de risco Moody's rebaixou nesta quarta-feira (24/02) a nota de crédito do Brasil para abaixo do nível de investimento, e retirou o selo de bom pagador do país. A empresa cortou a nota do país em dois degraus, de "Baa3", último nível de grau de investimento, para "Ba2".

A Moody's seguiu movimentos semelhantes feitos recentemente pela Standard&Poor´s e a Fitch, respectivamente em setembro e dezembro do ano passado. Entenda as implicações da decisão da agência para o Brasil.

O que significa um país ser reconhecido como bom pagador?

O selo de bom pagador é uma chancela que demonstra o reconhecimento de que um país é um lugar seguro para investidores. Geralmente é requisito mínimo exigido por fundos de investimento e de pensão para aplicar em títulos da dívida de nações.

No mercado internacional, investidores solicitam que a aplicação seja considerada grau de investimento por, pelo menos, duas das grandes agências internacionais de classificação de risco.

Por que o Brasil perdeu o selo de bom pagador?

De acordo com a Moody's, a queda da nota reflete a perspectiva de piora nas contas brasileiras num cenário de baixo crescimento da economia, com a dívida do governo provavelmente superior a 80% do Produto Interno Bruto (PIB) em três anos.

A agência espera um crescimento negativo do PIB, em média, de 0,5% entre 2016 e 2018. Ela prevê também que as taxas de juro se mantenham elevadas em termos gerais, o que deverá contribuir para uma dívida pública pouco sustentável.

A Moody's acredita ainda que os pagamentos dos juros deverão representar mais de 20% das receitas do governo.

Qual o impacto da queda da nota sobre a economia?

A queda da avaliação do Brasil pode ter reflexos negativos no fluxo de investimentos de fundos do exterior, já que a avaliação das agências de classificação de risco – mesmo que tenham recebido diversas críticas pelos erros cometidos durante a crise de 2008, quando deram notas boas a bancos prestes a falir – funcionam como um termômetro de grande parte do mercado internacional.

A nova classificação deverá resultar em mais dificuldades para que empresas nacionais tomem empréstimos no exterior e que o governo brasileiro tenha que pagar juros mais altos para atrair investidores dispostos a comprar títulos da dívida pública. Quanto melhor a nota, menor será o custo da dívida para o país.

Do chamado grupo dos Brics – que inclui também Rússia, Índia, China e África do Sul –, o Brasil é o que tem a pior nota entre eles e o único que perdeu a chancela de bom pagador nas três principais agências internacionais de classificação de risco.

Qual é a tendência a partir de agora?

A Moody's cortou a nota do país em dois degraus, de "Baa3", último nível de grau de investimento, para "Ba2". De acordo com a agência, a evolução é negativa, ou seja, é provável que haja nova redução na próxima avaliação caso os indicadores da dívida continuem piorando.

Para a empresa, a nota poderá melhorar se o governo conseguir resolver os desequilíbrios que levaram à piora fiscal e ao aumento da dívida. Isso será possível caso reformas estruturais sejam aprovadas para reduzir a rigidez orçamentária, a indexação de receitas e o crescimento obrigatório em várias categorias de despesas apesar do fraco desempenho da economia.