O que explica as réplicas após terremoto na Turquia e Síria
8 de fevereiro de 2023Desde o terremoto devastador que atingiu a Turquia e a Síria na madrugada desta segunda-feira (06/02), várias réplicas abalaram a região.
Mais de 11 mil mortes foram confirmadas até a manhã desta quarta, e o número deve continuar a subir. Incontáveis vítimas seguem presas sob escombros, e os contínuos tremores devem levar ao colapso de prédios já instáveis.
O que é uma réplica?
Grandes terremotos são quase sempre seguidos por tremores menores, as chamadas réplicas. Elas são geralmente mais fortes nas 48 horas que se seguem ao terremoto principal e podem durar semanas e até anos em alguns casos.
Normalmente, a magnitude dos tremores secundários começa em cerca de um grau a menos do que o sismo inicial – por exemplo, se o terremoto principal tiver uma magnitude de 7, sismólogos esperam uma réplica de 6.
"Essa é a ocorrência média, mas às vezes você tem um tremor secundário que é maior do que o choque principal ", disse à DW o sismólogo Roger Musson, pesquisador do Serviço Geológico Britânico. "Portanto, como sismólogo, você sempre tem que estar preparado para se surpreender."
Na região fronteiriça entre a Turquia e a Síria, houve tremores secundários quase tão fortes quanto o terremoto inicial.
Um terremoto é considerado uma réplica e não um sismo individual quando ocorre a uma distância de uma a duas linhas de falha geológica de um terremoto anterior. Geralmente, os tremores secundários são o resultado da tentativa de placas tectônicas de retornar à posição anterior ao longo de uma linha de falha.
Mais de cem réplicas ocorreram desde o terremoto inicial na Turquia e na Síria.
Segundo Musson, tremores secundários podem não ocorrer se o terremoto inicial for muito pequeno. Mas, no caso de sismos maiores, a ocorrência de réplicas é certa.
Por que houve uma réplica maior do que o normal?
O tremor secundário de magnitude 7,5 que ocorreu após o terremoto de 7,8 de segunda-feira é significativamente mais forte do que as réplicas típicas.
Musson afirma que isso se deve ao fato de que, em vez de ocorrer ao longo de uma única falha, o terremoto inicial pode ser melhor descrito como tendo ocorrido na zona da Falha Oriental da Anatólia, que é como uma grande linha de falha com várias linhas menores reunidas em torno dela.
O terremoto principal na segunda-feira desencadeou o que Musson chamou de "enxurrada" de terremotos ao longo de novas falhas que partem da principal, em vez do típico movimento de réplicas ao longo da mesma falha do sismo inicial.
Quando ocorrem tremores secundários? E por quanto tempo?
Isso depende da dimensão do terremoto inicial. Embora as réplicas mais intensas provavelmente cessem por volta de dois dias após o sismo principal, é possível que os tremores secundários diminuam gradualmente mas continuem ocorrendo até um ano após o terremoto principal, segundo Musson.
Outras pesquisas sugerem que em algumas áreas, como a Falha de Nova Madri, no estado do Missouri, nos EUA, pequenas réplicas podem continuar ocorrendo por séculos após o choque inicial.
Qual o risco de outros grandes tremores secundários na Turquia e na Síria?
Será possível ter uma ideia melhor sobre isso dentro de alguns dias. A ativação da linha de falha onde ocorreu a réplica de magnitude 7,5 pode produzir tremores secundários próprios.
Mesmo quando têm magnitude menor, réplicas ainda podem ser devastadoras. Um pequeno tremor pode ser suficiente para levar um edifício já abalado ao colapso, causando grande destruição.
"Um tremor secundário muitas vezes causa uma quantidade desproporcional de danos em relação à sua magnitude, só porque os prédios já estão em estado enfraquecido", diz Musson. "Essa é uma das razões pelas quais, após grandes terremotos, autoridades de defesa civil marcam os edifícios que estão danificados e, portanto, inseguros, advertindo as pessoas para não retornarem a eles."