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"O pior está por vir", diz Bolsonaro sobre óleo no Nordeste

4 de novembro de 2019

Presidente afirma que manchas de petróleo que chegaram às praias são "pequena parte do que foi derramado". Porém, ministro da Defesa não confirmou declarações de Bolsonaro.

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Manchas de óleo em areia de praia
Manchas de óleo poluem praias do Nordeste desde o início de setembroFoto: picture-alliance/AP Photo/Sergipe State Government

O presidente Jair Bolsonaro disse na noite deste domingo (03/11) que o vazamento de óleo que há mais de dois meses afeta o Nordeste foi, "ao que tudo parece", criminoso e que a situação deve piorar.

"O que chegou às praias é uma pequena parte do que foi derramado. O pior está por vir, uma catástrofe muito maior", afirmou o presidente em entrevista à TV Record.

Porém, o ministro da Defesa, Fernando Azevedo, não confirmou as declarações de Bolsonaro. Segundo o ministro, o governo não dispõe de informações sobre o volume total de óleo que ainda pode chegar à costa brasileira.

"Nós não sabemos a quantidade derramada, o que está por vir ainda", disse o ministro.

Azevedo ainda afirmou que a Marinha está acompanhando as ocorrências de óleo na costa, mas que o avanço das manchas não é facilmente detectado por satélites ou radares. "É difícil, porque ele [o óleo] fica a meia água, é imperceptível", disse.

Ainda nesta segunda-feira, os dois maiores navios da Marinha do Brasil saíram do Rio de Janeiro em direção ao Nordeste para ajudar no combate ao vazamento. A medida foi tomada mais de 60 dias após o material ser detectado na costa da região.

No domingo, Bolsonaro disse que "todos os indícios levam ao cargueiro" da Delta Tankers.

A empresa grega, dona do navio petroleiro Bouboulina, tido pelas autoridades brasileiras como principal suspeito pelo vazamento, negou no sábado estar envolvida no caso.

A companhia afirmou, através de comunicado, que a embarcação saiu da Venezuela em 19 de julho e que chegou a seu destino sem problemas, onde "descarregou sua carga total sem perdas".

"Não há evidências de que o navio parou, realizou qualquer tipo de operação STS (de navio para navio), sofreu algum vazamento, ou desviou-se de sua rota, em seu caminho da Venezuela para Melaka, na Malásia", acrescenta a nota.

O Bouboulina atracou na Venezuela em 15 de julho, ficou ali por quatro dias e continuou viagem rumo à Malásia, pelo Atlântico, vindo a aportar apenas na África do Sul, em 9 de agosto. Segundo suspeitam os investigadores, foi no trajeto que ocorreu o vazamento.

Investigações indicaram que o vazamento de petróleo bruto ocorreu a cerca de 700 quilômetros da costa brasileira "entre 28 e 29 de julho". De acordo com autoridades brasileiras, apenas o navio de bandeira grega atravessou a região no período.

Na sexta-feira, a Polícia Federal efetuou dois mandados de busca em escritórios no Rio de Janeiro ligados ao navio grego suspeito de causar o vazamento. O ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, disse a jornalistas que a Delta Tankers já havia sido notificada sobre o assunto.

A Marinha disse que o óleo coletado nas praias do litoral nordestino foi submetido a análises em laboratórios que comprovaram ser originário de campos petrolíferos da Venezuela.

Desde o início de setembro, cerca de quatro mil toneladas de petróleo chegaram a 314 praias do Nordeste.

No domingo, Azevedo e Silva acompanhou as operações em Abrolhos, região que abriga o arquipélago homônimo, no sul da Bahia, e a maior biodiversidade marinha de todo o Atlântico Sul, e onde as manchas começaram a aparecer nos últimos dias.

O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) diz que o óleo pode chegar ainda ao Sudeste, nos estados do Espírito Santo e Rio de Janeiro. O órgão foi acionado pelo comitê de crise do governo federal e atua para detectar movimentação do óleo no mar.

MD/JPS/lusa/ots

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