O diário de Anne Frank em quadrinhos
19 de outubro de 2017Publicada pela primeira vez há 70 anos, a trajetória de Anne Frank já tocou leitores e espectadores em todo o mundo. Agora o diário da menina judia que fugiu com a família da Alemanha para Amsterdã em 1933, ficou escondida na cidade após a ocupação alemã e acabou deportada para o campo de concentração nazista de Auschwitz, pode ser lido em forma de quadrinhos.
Em sua adaptação de O diário de Anne Frank, o roteirista e diretor de cinema Ari Folman e o ilustrador David Polonsky – nomeados ao Oscar por Valsa com Bashir (2008) – combinam o texto original do caderno de memórias da garota com diálogos fictícios. A graphic novel retrata uma jovem autoconfiante, que mira o leitor com uma expressão desafiadora.
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Neste mês, o livro, com 160 páginas, é publicado em 50 países, incluindo os idiomas holandês, alemão, francês e espanhol. No Brasil, foi lançado pela editora Record com o título O diário de Anne Frank em quadrinhos. Após os primeiros lançamentos, mais idiomas devem se seguir.
O volume é baseado no diário originalmente publicado pelo pai da jovem, Otto Frank, em 1947, e foi autorizado pela Fundação Anne Frank. A dupla Folman e Polonsky também está preparando um filme sobre Anne Frank, que deve ser lançado em 2019.
O diário da adolescente judia, escrito enquanto se escondia com a família até sua captura pelos nazistas, em 1944, é um dos livros mais lidos mundo afora. Folman disse ter tentado "preservar o senso de humor mordaz de Anne, seu sarcasmo e sua obsessão com comida".
Polonsky também considera que o diário original tinha muito humor. "É um lindo trabalho escrito por uma linda pessoa, e a melhor coisa que podemos fazer é levar esse espírito adiante e tratá-lo como uma obra de arte."
Horrores do Holocausto
Folman, nascido em Israel, afirma ter uma boa ideia do sofrimento da garota, já que os pais deles são sobreviventes do Holocausto. "Anne e a família chegaram aos portões de Auschwitz no mesmo dia em que meus pais chegaram lá", diz o cineasta.
Segundo Folman, de início ele resistiu à proposta de adaptar o diário feita pela Fundação Anne Frank, mas depois se deu conta da importância de transmitir a história a uma nova geração.
"Temo que estejamos chegando a um momento em que não haverá mais sobreviventes do Holocausto vivos e mais nenhuma testemunha para contar suas histórias", diz o diretor. "Há uma grave ameaça de que as coisas que temos que saber [sobre o Holocausto] não sejam mais ensinadas e aprendidas se não encontrarmos uma nova linguagem para elas."
Uma biografia ilustrada de Anne Frank já havia sido lançada em 2010 – no Brasil, foi publicada pela Companhia das Letras neste ano. A obra foi encomendada pela Casa de Anne Frank, em Amsterdã. O livro foi ilustrado pelo americano Ernie Colón, e os textos ficaram a cargo de Sid Jacobson.
Colón se manteve amplamente fiel aos documentos fornecidos, e o volume pode ser considerado bem mais clássico que o de Folman e Polonsky. Além disso, a nova versão em quadrinhos é a primeira reprodução gráfica do diário em si, e não da vida da jovem judia.
Depois de Auschwitz, Anne e a irmã foram enviadas ao campo de concentração de Bergen-Belsen. Ambas morreram no local no início de 1945, provavelmente de tifo. Anne tinha 15 anos. O campo foi liberado por soldados britânicos pouco depois.
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