O difícil lobby das crianças
21 de maio de 2003Embora padrões alemães sejam muito diferentes dos brasileiros, a associação alerta que a situação financeira das famílias vem piorando nos últimos 15 anos.
"Constatamos que 14% dos menores de 18 anos vivem da ajuda do Estado. O país precisa de crianças, por isso nos é muito importante que as famílias sejam aliviadas nos seus encargos financeiros", apela Renate Blum-Maurice, que dirige a seção de Colônia da Associação Alemã de Defesa da Criança (Kinderschutzbund).
Ajudar em várias frentes
Também os sociólogos advertem que a má situação econômica da Alemanha atinge em primeiro lugar os mais fracos na sociedade, isto é, as crianças. Mas só o dinheiro não resolve a situação, é preciso ajudar em várias frentes, completa Renate.
Por isso, continua mais que atual o objetivo da Associação Alemã de Defesa da Criança, criada em Hamburgo durante a reconstrução da Alemanha no pós-guerra. Defender o lobby das crianças é o principal objetivo dos mais de 50 mil filiados da associação, que em 2003 completa 50 anos.
Embora a economia alemã tenha se desenvolvido de maneira extraordinária neste tempo, impulsionando a nação entre as mais ricas do planeta, o mesmo não aconteceu com a situação das crianças. Pelo contrário, em alguns aspectos, as condições até pioraram, ressalta a diretora da seção em Colônia.
Educação sem violência
"Nosso objetivo primordial é ajudar menores vítimas de violência no meio familiar e as famílias com graves problemas econômicos. Para isso, criamos em Colônia um centro de defesa da criança que oferece apoio preventivo. Para tratar dos seus problemas, não podemos ver a criança como um caso isolado, é preciso considerar todo o papel da família e seu contexto na sociedade", explica.
O trabalho da associação é bastante diversificado. Ele vai desde o acompanhamento direto da criança em terapias, nos deveres de casa, em brincadeiras ou trabalhos manuais. Mas também oferece ajuda de várias áreas profissionais aos pais. Também os pais são oferecidos assistência e aconselhamento.
Linha direta para pais e filhos
A Casa da Criança Elefante Azul, mantida pela associação em diversas cidades alemãs, recebe de portas abertas crianças e adultos, para ajudá-los em tudo o que os preocupa, como desemprego, separação, abuso sexual, violência ou problemas na escola.
Uma linha direta, em rede nacional, está à disposição dos que preferem ficar no anonimato. O telefone é gratuito e pode ser usado todos os dias. Do outro lado da linha, estão assistentes especializados.
O direito da criança à educação sem violência sempre foi prioridade, conta Renate. Embora outros países, como a Suécia, estejam mais avançados neste campo, a Alemanha continua entre os pioneiros. Há três anos, foi aprovada no país uma lei que proscreve a violência na educação infantil, graças também aos esforços da Associação Alemã de Defesa da Criança.