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O Brasil na imprensa alemã (20/12)

20 de dezembro de 2017

Colaboração entre Volkswagen e ditadura militar, ameaça ao Carnaval do Rio e problemas que um salário-família leva à fronteira da UE no Amazonas são destaques na imprensa alemã.

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Guyane - Emmanuel Macron und französischer Bildungsminister Jean-Michel Blanquer in Maripasoula
Em outubro também o presidente da França, Emmanuel Macron, esteve na Guiana FrancesaFoto: Reuters/A. Jocard

Handelsblatt – Tortura na fábrica, 14/12/2017

[...] Uma delegação com Karlheinz Blessing, responsável por recursos humanos no comitê executivo da Volkswagen, deveria viajar para São Paulo na quinta-feira e se empenhar pela reconciliação com os empregados da empresa que foram encarcerados e torturados nos tempos da ditadura militar.

Na época, o serviço de segurança da Volkswagen colaborou com a polícia e os militares brasileiros para que os próprios funcionários pudessem ser presos. Atualmente, o próprio conglomerado sediado na cidade de Wolfsburg admite essa má conduta.

No entanto a viagem de uma grande delegação da Volkswagen não deu em nada [...] O motivo é, como tão frequentemente, dinheiro. Na Volkswagen não ficou decidido se os antigos empregados brasileiros deveriam ser também indenizados.

Do lado alemão é basicamente unânime que deverão fluir verbas para a América do Sul. Com esse fim, a Volkswagen pretendia instituir um novo fundo para vítimas, de que sairiam as compensações. A multinacional tem experiência nisso: também antigos trabalhadores forçados, empregados em suas fábricas na época do nacional-socialismo, recebem indenizações de um fundo análogo.

Mas a ideia da Alemanha encontrou pouca ressonância entre os colegas sul-americanos da Volkswagen. Eles desaconselharam veementemente o pagamento de ressarcimentos também no Brasil. "Não vai ter limites, assim a Volkswagen está abrindo um poço sem fundo", comunicou a gerência brasileira à central em Wolfsburg. As consequências financeiras seriam imprevisíveis. No fim, os sul-americanos se impuseram: em princípio não haverá nenhum fundo de compensação.

[...]

Os ex-presos vão ter que esperar pelo dinheiro. Também por isso, antigos funcionários convidados para a cerimônia nas dependências da fábrica [em São Bernardo do Campo] se recusaram a participar. "Sem indenização, nada de apresentação conjunta com os responsáveis da Volkswagen", era o seu slogan.

Der Tagesspiegel – Carnaval do Rio ameaçado de acabar?, 19/12/2017

[...] O lixo na cidade do samba é símbolo do caos que ameaça tomar conta do Rio de Janeiro no próximo Carnaval. Dois meses antes do megaevento, o governo federal brasileiro cortou o financiamento para as 13 grandes escolas de samba. E ele até já havia concedido as verbas – o equivalente a 2 milhões de euros.

A Liga Independente das Escolas de Samba do Grupo Especial do Rio de Janeiro (Liesa) não teria cumprido determinadas exigências, consta da justificativa. O governo não revela de que exigências se trata. O pessoal da Liesa está perplexo e rechaça a acusação.

O coração do Carnaval foi ferido, diz Chiquinho da Mangueira, presidente da escola de samba homônima. "Aos poucos, se está acabando com a maior festa popular do mundo."

[...]

Parte da opinião pública brasileira apoia as medidas de austeridade. Mas a prefeitura [carioca] e o governo federal talvez tenham errado no cálculo. A cada ano fatura-se no Rio, durante o Carnaval, o equivalente a quase 1 bilhão de euros, segundo cálculos da agência de turismo Riotur. Portanto essa economia poderá sair cara.

Der Tagesspiegel – Europa na selva, 14/12/2017

[...] Trinta soldados da Legião Estrangeira francesa estão estacionados [na aldeia de Camopi, na selva amazônica], a fim de defender a mais inusitada fronteira externa europeia, por encomenda da França. O rio Oiapoque é a linha que separa o Brasil da Guiana Francesa, território da França no além-mar e, com isso, também fronteira da União Europeia.

[...]

Cerca de 800 dos 1.800 moradores de Camopi são indígenas. Muitos são originários do lado brasileiro, eles vieram para que as mulheres pudessem dar à luz seus filhos aqui. "Tem de 400 a 1.200 euros de salário-família, dependendo da idade e do número", conta [o chefe indígena Joseph] Chanel.

Além disso, há outros benefícios sociais. Em geral o dinheiro é investido em álcool do outro lado, na mais barata Vila Brasil, ou em gasolina e diesel. Na área atuam numerosos caçadores de ouro, os quais precisam de combustível para os motores e de óleo para os geradores de eletricidade.

Uma bizarra economia amazônica. A localidade de 300 habitantes é a única, no Brasil de 207 milhões de habitantes, em que o euro é o meio de pagamento. "Muitas vezes eles só passam para cá para se tratar nos nossos postos de saúde. Aí faltam medicamentos para os franceses", reclama Chanel.

[...]

Em outubro também o presidente da França, Emmanuel Macron, esteve na Guiana Francesa. Em diversas ocasiões cogitou-se não mais pagar o salário-família em Camopi, mas sim, acoplá-lo a benefícios em espécie e a gêneros alimentícios, através de vales postais. "Mas até agora nada aconteceu", diz Chanel.

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AV/ots